Depois de despencar 12,6% entre 2001 e 2003, a construção civil apresenta recuperação em 2004. Trata-se de um setor relevante para o crescimento sustentável da economia, uma vez que, por ele, passam 65% dos investimentos do país. O nível de emprego da construção cresceu 2%, nos primeiros oito meses do ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram criados cerca de 100 mil novos empregos, de janeiro a agosto de 2004. Nesse espaço de tempo, a produção de insumos acumulou crescimento de 5,8%. De janeiro a setembro, o número de unidades habitacionais financiadas com recursos da poupança aumentou 55%, se comparado com igual período de 2003. Trata-se de recuperação consistente, em que pese o fato de a base de comparação ser muito deprimida. Com isso, o SindusCon-SP elevou sua expectativa para o crescimento da construção em 2004, de 3,7% para 4,3%. Contudo, caso se confirme, será uma recuperação apenas parcial da queda de 8,6% ocorrida em 2003. Portanto, estamos em meio a uma retomada tímida, cujos efeitos ainda não atingiram a grande maioria das 123 mil empresas da construção no país. O volume de negócios permanece baixo. A renda das famílias ainda não permite um aumento expressivo da aquisição de imóveis. O volume de subsídios à habitação popular continua aquém do necessário. Os investimentos em expansão industrial e comercial ainda seguem muito localizados. Assim, o grande desafio é tornar o crescimento sustentável. No entanto, com o último aumento da taxa básica de juros, voltou o temor de que novos investimentos produtivos sejam adiados. E sem investimentos, a construção pára de crescer. Outros fatos preocupam. Os preços de alguns materiais de construção, pressionados pelo aumento das commodities metálicas no mercado externo, continuam subindo. O vergalhão de aço encareceu 35,09% nos últimos doze meses até outubro. Foi o insumo que mais contribuiu para a elevação dos custos da construção. Agora, as atenções se voltam para o comportamento dos preços dos derivados de petróleo. A par da manutenção da estabilidade, o crescimento sustentável da construção depende de mais fatores. Entre eles, estão o aumento da eficácia do gasto público; a garantia de cumprimento dos contratos; a definição dos marcos regulatórios da PPP (Parceria Público-Privada) e do saneamento; mais eficiência na aplicação das legislações para o setor; desburocratização dos procedimentos para viabilizar e legalizar as obras; e desoneração tributária e da folha de pagamentos das empresas da construção. Como se vê, há muito trabalho pela frente. Missão difícil, mas não impossível. Nota do Editor: João Claudio Robusti é presidente do SindusCon-SP.
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