O melhor aproveitamento das argamassas industrializadas (revestimento de parede) pode baratear, em um futuro próximo, a construção de casas populares, com redução de custo de mão-de-obra. Esta conclusão está na pesquisa desenvolvida pelo professor Pedro Kopschitz Xavier Bastos, chefe do Departamento de Construção Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a pedido da Associação Brasileira de Argamassa Industrializada (Abai). Resultado de um convênio com a Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho será concluído este mês. "Em um primeiro momento, a pesquisa se concentra em estudar as propriedades de retração, deformabilidade e resistência mecânica do material", explica o professor. Ele ressalta que "é óbvio que essas propriedades vão ser aplicadas desde a argamassa mais cara, para uma obra de melhor nível de acabamento, quanto para aquela mais barata, uma vez que os estudos podem ser feitos em argamassas de solo, disponível numa região, e também com aproveitamento de resíduo industrial". Isso, segundo Bastos, também trará "vantagens na construção de habitações populares". A pesquisa objetiva verificar as causas do surgimento de trincas e o que leva o material a se descolar da parede, causando prejuízo. As conclusões do relatório final devem apontar novos métodos e procedimentos que serão transformados em normas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). "Com esse estudo pretendemos promover a melhoria na qualidade das construções e a satisfação do usuário/morador", comenta Bastos. De acordo com os cálculos do engenheiro Fábio Campora, secretário-executivo da Abai, a argamassa na construção de uma casa corresponde entre 10 e 15% do custo total da obra. "Não é um valor para se desprezar", anota ele. Campora assinala que, embora a redução de custo não seja o objetivo primeiro da pesquisa, uma vez que se alcance o desenvolvimento tecnológico do produto "isso acabará resultando em redução de custos ao longo do tempo e no conseqüente barateamento das habitações populares, por exemplo". Na visão do professor Pedro Bastos, a argamassa industrializada, também conhecida como "massa de pedreiro" é uma parte importante da edificação, uma vez que se trata do revestimento, ou seja, a camada de material sobre a alvenaria. "Ela protege a edificação, tem que ser impermeável, resistente, aderente e não produzir fissuras, além do aspecto estético", destaca Bastos lembrando o alto custo do seu emprego e o grande volume de trabalho em relação à mão-de-obra. Segundo o professor, a argamassa de revestimento ficou durante muitas décadas relegada a um segundo plano. "A preocupação maior dos construtores era a estrutura", onde o prédio tinha que, primeiro, "ficar em pé, sustentar-se a si mesmo e as cargas que atuam sobre ele", conta o Bastos. Este cenário vem mudando porque o número de problemas e a incidência de "patologias" nos revestimentos têm crescido nos últimos anos, conforme registros da Abai. A explicação para isso, no entendimento do professor Bastos, "é que o Brasil tem diversidade de climas, com variações marcantes de uma para outra região e também uma diferença muito grande de materiais utilizados para argamassas". Além da Abai, também está envolvida no projeto a Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac), que congrega um grupo de pesquisadores de várias estados preocupado com a solução do problema em suas regiões.
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