Faleceu dia 18-11-09, aos 96 anos de idade, Frei Pio Populin. Homem ímpar. Dedicado à prática do bem. Distribuía tudo que chegava a suas mãos. Viveu o espírito franciscano e a sublimidade da caridade cristã descrita pelo Apóstolo Paulo, em Primeira aos Coríntios, cap. 13. Protótipo do homem enxugador de lágrimas, curador de feridas e criador de sabedoria e alegrias para auxiliar as pessoas mais necessitadas. Ubatuba não o pode esquecer. Deve muito a suas ações e espírito empreendedor. Dedicou, mais de 44 (quarenta e quatro) anos, a fazer o bem nestas terras. Suas obras tiveram grande importância e prestaram e prestam inestimáveis serviços sociais: Estaleiro do Ubatumirim, quinze Postos de Saúde, do Camburi à Tabatinga, barco para visita-los naquele tempo que não existia a rodovia BR-101 ou Gov. Mário Covas, ASEL, Creche Francisquinho, Recanto Betânia, Provedor da Santa Casa etc. etc. Algumas dessas obras continuam entre nós. Já o espírito que as animava é impossível descreve-lo e substitui-lo. Era próprio de um homem singular. Nestas breves linhas não farei panegíricos nem louvações. Apenas registrarei duas circunstâncias particulares que me marcaram e ajudaram a sempre respeitar e valorizar a figura de Frei Pio Populin. 1ª - Primeiros dias de dezembro de 1973, meu primeiro ano em Ubatuba. Por circunstâncias que nada tinham a ver com Frei Pio, fiz uma visita à família Lorenzetti, dona das Indústrias Lorenzetti. Recebido pelo patriarca: Lorenço Lorenzetti e após os cumprimentos perguntou-me: - “Conhece Frei Pio, em Ubatuba?” - Sim! Quem não conhece Frei Pio, em Ubatuba! - “Frei Pio é “UM HOMEM DE DEUS”. Aqui nesta casa ELE não pede, manda. Tenho uma suíte reservada para ELE e o acompanho em suas solicitações aos meus amigos empresários. Não é possível negar nada para esse homem de Deus e para aquela obra maravilhosa que está desenvolvendo em Ubatuba”. A conversa sobre as virtudes de Frei Pio e suas obras fluiu durante mais de uma hora. Comunicado Frei Pio sobre os elogios disse: “Bom e generoso é o Lorenço. Ele sim. Eu sou um humilde e pobre franciscano”. 2ª - Noite de um certo dia de finais de 1974. Toca o telefone. “Aqui Frei Pio”. “Você vai amanhã a São Paulo? - Vou sim, Frei Pio. - “Pode dar-me uma carona?” - Será um prazer. Vou sair às cinco. O pego na Casa Paroquial. Naquele tempo a viagem era demorada. A estrada ruim. No meio do caminho parei para tomarmos um café. Frei Pio não queria sair do carro. Insisti. Vamos tomar um café Frei. Frei Pio: “Não tenho dinheiro”. O peguei pelo braço e brinquei com ELE: Frei, professor é pobre, mas dá para gastar uns cruzeirinhos e convidar a um café. De volta ao carro especulei como viajava sem dinheiro. Sem nenhum dinheiro. Respondeu: “Deus proverá. Não se preocupa comigo. Você me deixa na Igreja do Pari que DEUS e os irmãos cuidam de mim”. Lembrei-me da conversa com Lorenzetti: “UM HOMEM DE DEUS” ao qual nada pode ser negado. Cabe a Ubatuba reconhecer que o “HOMEM DE DEUS” foi também “O HOMEM DE UBATUBA”. Como sempre ELE próprio falava, semeou “PAZ E BEM” em UBATUBA e para UBATUBA, durante quarenta e quatro anos. Corsino Aliste Mezquita corsinoaliste@hotmail.com
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