Hoje, 31 de outubro, comemoramos o Dia do Saci. Sim, caro leitor, você leu corretamente, Dia do Saci. O Dia do Saci consta do projeto de lei federal nº 2.762, de 2003 (ainda não é lei aprovada pelo Congresso Nacional), elaborado pelo então líder do governo Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil, e Ângela Guadagnin, do Partido dos Trabalhadores, com o objetivo de resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao "Dia das Bruxas", ou "Halloween", da tradição cultural dos Estados Unidos da América. Propõe-se que seja celebrado em 31 de Outubro, mesmo dia da comemoração do Halloween. O que moveu os políticos à época foi que nas escolas em geral se comemorava muito mais o Halloween, que é uma tradição norte-americana inspirada nos costumes e na tradição nórdica, do que os elementos do folclore brasileiro, como o saci-pererê. Mas, quem é o saci-pererê? Para quem não leu Monteiro Lobato ou não viu a série de televisão O Sítio do Pica-pau Amarelo, aí vai uma descrição: o saci é um negro jovem, com uma única perna, que tem um cachimbo na boca e um gorro vermelho na cabeça. Sua origem presumida, de acordo com a Wikipedia, está relacionada aos índios habitantes das missões no sul do país. Naquela região, no entanto, ele era representado com as duas pernas. É do norte do país que conhecemos a descrição atual do saci que é representado com uma perna só. De acordo com a lenda ele teria perdido um de seus membros dançando capoeira. Considerado uma figura brincalhona, ele se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas ou assustando viajantes noturnos com seus assobios - bastante agudos e impossíveis de serem localizados. É ele quem faz tranças nos cabelos dos animais depois de deixá-los cansados com correrias, faz as cozinheiras queimarem as comidas ou faz com que viajantes se percam nas estradas. O mito do saci-pererê é conhecido no Brasil desde o século XVII e XVIII. O escritor que se consagrou por incorporar esse personagem à literatura foi Monteiro Lobato. Esse autor paulista, em 1917, colheu informações junto aos leitores do jornal O Estado de São Paulo sobre o saci. O resultado dessa pesquisa foi o livro: Saci-pererê: resultado de um inquérito. Outra obra do autor colocou o saci num local de destaque entre os leitores. Trata-se do Sítio do Pica-pau Amarelo que posteriormente virou série de televisão da Rede Globo, onde o saci aprecia sempre fazendo suas travessuras. Nesse dia 31 de outubro então, por que não comemorarmos o Dia do Saci, esquecendo um pouco a influência cultural norte-americana sobre nós? Nota do Editor: Ricardo Barros é Professor de História do Colégio Paulista, Mestre em Educação pela USP e formado em História e Pedagogia pela mesma universidade.
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