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Brasil
18/09/2009 - 08h10
“Retorno do voto impresso foi retrocesso”
Marco Antonio Soalheiro - ABr
 

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, disse ontem (17) que o retorno do voto impresso a partir das eleições de 2014, previsto no projeto de reforma aprovado dia 16 pela Câmara dos Deputados, foi um retrocesso para o sistema eleitoral brasileiro, um vez que irá onerá-lo sem garantir mais segurança.

“O voto impresso para a gente é um retrocesso. Temos que lamentar, porque se o objetivo é auditar a urna, é possível fazer isso com toda segurança sem precisar do voto impresso, que, quando testado em 2002, resultou num atraso de votação e no atolamento das máquinas impressoras. Ele onera sobremodo a eleição”, afirmou Britto.

O ministro também assinalou que a legislação aprovada não estabeleceu mecanismos eficientes de combate ao caixa 2 e às doações ocultas. "No plano da arrecadação de recursos para partidos, comitês e candidatos, na respectiva prestação de contas, nosso trabalho ficou extremamente dificultado. Queríamos uma lei que nos possibilitasse fazer o caminho seguido pelo dinheiro, desde o primeiro doador até o último destinatário."

Ainda em relação às modificações na legislação eleitoral aprovadas pela Câmara, Britto ressaltou que, “no conjunto da obra”, foi “descontemplada em vários aspectos” a jurisprudência da Justiça Eleitoral.

O ministro criticou a regulamentação do uso da internet nas eleições segundo a ótica das regras impostas a emissoras de rádio e televisão. Segundo Britto, isso restringiu os reflexos positivos que esta mídia poderá ter no processo eleitoral.

”Nós achamos que qualquer analogia cabível só poderia ser com a mídia impressa ou escrita, revistas ou jornais, porque o espaço de liberdade é muito maior, inclusive para posicionamentos a favor ou contra determinadas candidaturas, sem censura prévia para entrevista de candidatos ou pré-candidatos. A comparação com mídias que dependem de concessão prejudica o dinamismo que queremos para o processo eleitoral.”

“A internet pode dinamizar o processo eleitoral, revitalizar a cidadania e levar os jovens a se interessar pela vida política”, acrescentou.

O presidente do TSE não descartou a possibilidade de que o projeto de reforma eleitoral receba vetos do presidente da República antes de ser sancionado. "Vamos trabalhar em cima do que está aí, a menos que o Poder Executivo vete. No plano das possibilidades, é viável [o veto]."

O texto aprovado dia 16 pelos deputados altera várias regras do atual sistema eleitoral brasileiro, como a inclusão do uso geral da internet nas campanhas eleitorais; a previsão do voto impresso a partir das eleições de 2014; a exigência de documento com foto, juntamente com o título de eleitor para votar nas eleições de 2010; a reserva de 5% do fundo partidário; e de 10% do tempo de propaganda partidária para as mulheres.

A reforma eleitoral aprovada na Câmara proíbe a comercialização de espaços, como muros, para a propaganda eleitoral, permite o uso da figura do pré-candidato em debates; facilita a realização dos debates entre os candidatos; autoriza o uso de bandeiras em dia de eleição; permite a utilização de carros de som; e proíbe o uso de outdoors nas campanhas, entre outras medidas.

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