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Brasil
27/05/2009 - 18h03
Da Mata Atlântica original só sobrou 7,9%
Flávia Albuquerque - ABr
 

A Mata Atlântica está reduzida a 7,9% de sua área original no país, segundo indicam dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica para o período de 2005 a 2008. O estudo foi realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e divulgado ontem (26) em São Paulo. Entre 2005 e 2008, a Mata Atlântica perdeu 102,9 mil hectares, o que, de acordo com o Inpe, equivale a dois terços da cidade de São Paulo.

Quando consideradas as áreas fragmentadas, o número sobe para 11,4%. De acordo com os dados, de 2005 a 2008, foram desmatados 102.938 hectares em dez estados avaliados pelo estudo, o que corresponde a uma média anual de 34.121 hectares destruídos a cada ano.

Conforme o mapeamento, realizado há 20 anos pelas duas entidades, os estados onde a devastação é maior são: Minas Gerais, onde nos últimos três anos foram desmatados 32.728 hectares, Santa Catarina, que perdeu 25.953 hectares e Bahia, que teve 24.148 hectares de Mata Atlântica destruídos. Em seguida, vêm os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo, que, juntos, somam 20.683 hectares desmatados.

A diretora da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do estudo pela entidade, Márcia Hirota, disse que o desmatamento nesses estados ocorre principalmente para substituir o uso da floresta, geralmente para a agropecuária e exploração de pinus, principalmente em Santa Catarina.

Os maiores remanescentes estão localizados nas regiões Sudeste e Sul, principalmente no corredor da Serra do Mar, que abrange desde o Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais até Santa Catarina, onde a floresta está protegida devido ao seu relevo acidentado. “Os maiores fragmentos estão localizados no litoral sul de São Paulo, Vale do Ribeira e leste do Paraná. Quanto ao resto, vemos ilhas de floresta espalhadas por essa região, que já foi em grande parte devastada”, afirmou Márcia Hirota.

Ela explicou que a Mata Atlântica situa-se em uma região onde há muitos usos e muitas cidades e, por isso, está tão fragmentada. Para ela, esse isolamento da vegetação nativa é que compromete a ocorrência de espécies e seu fluxo. “Ela [Mata Atlântica] ocorre em 17 estados brasileiros e mais de 3.200 municípios, em área com 112 milhões de habitantes. As principais cidades e metrópoles brasileiras estão localizadas nessa região então o impacto das pessoas e da utilização dessa floresta tem sido desde o descobrimento do Brasil feito com que a Mata Atlântica fosse reduzida drasticamente”.

Márcia Hirota enfatizou que a maior parte da população vive em áreas de Mata Atlântica e depende da floresta para sobreviver. E a floresta protege as nascentes, o fluxo hídrico e faz com que a produção e a qualidade dessa água cheguem até cada casa. “Ou seja, enquanto a floresta existir, haverá água para beber. Se a floresta desaparecer, a nascente seca também.” A diretora da fundação ressaltou que a Mata Atlântica é patrimônio nacional, detém rica biodiversidade e precisa ser preservada, pois os serviços ambientais que presta à população garantem a qualidade de vida das pessoas. “É para isso que procuramos chamar a atenção da sociedade brasileira e do poder público”.

Ela destacou ainda a necessidade de um esforço de restauração florestal para que as áreas que ainda restam sejam interligadas e mantidas. A Mata Atlântica, lembrou Marcia, tem uma lei de preservação específica, o que torna mais grave o fato de a média anual de desmatamento nos últimos cinco anos ser praticamente a mesma observada no período anterior. “Precisamos intensificar os trabalhos de conscientização das pessoas, para chamar a atenção da sociedade, mas também fazer com que o Poder Público apresente suas metas de desmatamento zero e intensifique seu trabalho de fiscalização e controle”.

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