O primeiro clone bovino da América Latina, a vaca Vitória, deu à luz seu primeiro filhote há duas semanas no Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargem) da Embrapa. A bezerra Glória nasceu dia 19 de setembro, pesando 38,2 kg, 12 kg a menos que Vitória e as duas passam bem.

De acordo com o coordenador das pesquisas de reprodução animal da Embrapa, Rodolfo Rumpf, o nascimento comprova que Vitória alcançou todos os objetivos iniciais da clonagem. Ou seja, é saudável e capaz de se reproduzir. "A função da fêmea é ter filhotes, por isso este teste foi decisivo. A habilidade materna de Vitória é fantástica". Ele ressalta que, a cada dia, Glória aumenta seu peso em um quilo, somente com o leite materno.

No primeiro cio, Vitória tentou a reprodução com o touro Zehnder. Mas a tentativa foi inútil. No segundo cio, em 9 de dezembro de 2003, os técnicos da Embrapa optaram pela inseminação artificial com o sêmen do mesmo touro. Funcionou. "Não sei porque a monta natural não deu certo. Isso ainda será analisado", conta o coordenador.

Rodolfo Rumpf explica que as pesquisas com clonagem feitas pela Embrapa pretendem desenvolver e fomentar novas tecnologias. "Queremos recuperar material genético em vias de extinção e associar a elementos trangênicos. Mas antes temos que aperfeiçoar a clonagem", afirma.

Rumpf explica que existem vários pedidos de pesquisa feitos pela iniciativa privada. Mas, segundo ele, o clone é atualmente um subproduto dos estudos. "Queremos incentivar a pesquisa. O que é investido por estas empresas é a fundo perdido", conclui. Mas ele ressalta que uma companhia paulista, associada à Universidade de São Paulo, comercializa clones de animais.