Considerada por muitos como uma festa profana, o Carnaval é na verdade uma festividade intimamente ligada à Igreja Católica. A data, que marca os últimos dias que antecedem a quaresma, remete a idéia de afastamento dos prazeres da carne e a oposição à penitência e privação que os 40 dias de preparação para a Páscoa exigem. Com origem na expressão "carne vale", os chamados dias gordos acabaram se tornando um dos períodos de festa e brincadeira mais tradicionais do mundo. No Brasil a data configura a maior festa popular do país. Em 2005 a grandiosidade da comemoração brasileira foi reconhecida através de Salvador, capital da Bahia. A festa entrou para o Guinness Book como o maior Carnaval de rua do planeta com o recorde de mais de dois milhões de pessoas na avenida. Mas apesar de todo nosso sucesso a festa não é uma exclusividade verde e amarela. A data comemorada pelos quatro cantos do mundo é marcada pelas diferenças culturais que dão a especificidade necessária para a comemoração. Brasileiros que escolheram a ONG AFS Intercultura Brasil para se aventurar no intercâmbio mundo afora e vivenciaram o Carnaval longe do país aprovaram a festa. "Lá na Alemanha tem só um dia de Carnaval e como as pessoas são sempre muito sérias, elas tiram o dia para extravasar. É bem legal porque vai todo mundo fantasiado para escola e enquanto a banda que passa por lá não chega, a gente fica assistindo aula assim mesmo. Depois somos liberados e podemos aproveitar. Meus amigos me acordaram às 4 horas da manhã para a gente começar a curtir, já que o carnaval lá é só de dia. O clima de diversão por lá é mais ou menos como o daqui, mas senti falta do calor, lá era inverno e fazia muito frio". Diogo Gomes tem 20 anos e é de Joinville, Santa Catarina. Ele passou o Carnaval de 2006 na cidade de Constance, na Alemanha. "Passei o Carnaval em Putignano, no sul da Itália, onde acontece um dos carnavais mais antigos da Europa. É um lugar pra se ir com a família, pois todo mundo desfila, inclusive as crianças. O clima é bem diferente do Brasil, no meu país é mais animado, com certeza. Lá é mais tradicional e as pessoas não exageram tanto na bebida, por exemplo. Como é época de frio e todo mundo está com milhões de casacos, a melhor coisa é passar a data com a família e foi o que eu fiz. Eles me mostraram um pouco da cultura italiana e foi ótimo". Mariana Vianna tem 23 anos e é de Belo Horizonte. Ela passou o Carnaval de 2003 em Putignano, na Itália. "No meu ano de intercâmbio na Bélgica, a época mais delicada foi em fevereiro. ’Onde vou passar o Carnaval?’ era a pergunta. O Carnaval mais tradicional na Bélgica francesa acontece em Binche é o Carnaval das Laranjas. Grupos de pessoas se vestem de Arlequim ou de Gilles, para festejar o carnaval. O Gille é um personagem que dança para celebrar a chegada da primavera, e lança laranjas nas pessoas para suscitar a fecundidade da terra. Isso me pareceu muito estranho, lançar laranjas nas pessoas pode machucar, mas o Carnaval das Laranjas é uma festa muito alegre que dura os quatro dias! E ainda tem homem fantasiado de mulher e mulher de homem. As crianças também se fantasiam, mas a segunda feira é destinada aos jovens." Lívia Costa tem 24 anos e é do Rio de Janeiro. Ela passou o Carnaval de 2008 em Binche, na Bélgica.
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