Nesta semana assisti ao vivo uma situação como aquela vivida por Marlon Brando no filme “Queimada” em que o poder cria uma suposta liderança para enganar o povo e depois aniquila-a. Só não houve o final. A comunidade de um bairro foi convocada para uma reunião onde um vereador iria apresentar uma notícia boa sobre o congelamento. Como a segurança de um teto é um direito e uma das maiores preocupações do ser humano, principalmente dos pobres, houve uma boa participação. O próprio presidente da associação chegou atrasado e como ainda não estava presente o tal vereador, a estratégia foi ir enrolando o povo. Quando ele chegou, com seus assessores e um funcionário da Prefeitura, houve todo aquele cerimonial e os agradecimentos pelas grandes benfeitorias: uma quadra de terra inacabada, sem alambrado, sem iluminação e sem obras de drenagem; alguns trechos de ruas que foram cimentados ou melhorados com borra de asfalto. Depois de muito tempo, disseram que não tinham os dados do congelamento que o responsável não pode passar e que não pode comparecer à reunião. Quando começou o congelamento, esse funcionário pediu para eu acompanhar o funcionário responsável pelo cadastramento pois a Prefeitura temia a reação da população. Como eu era presidente do bairro e gostaria que houvesse uma solução para todos, atendi ao pedido. Durante muito tempo fui pressionado pelos moradores para que solicitasse a presença desse funcionário para dar esclarecimentos sobre o andamento do processo. Infelizmente, esse funcionário nunca nos atendeu, tal como aconteceu nessa reunião. Pedi a palavra e disse que era um desrespeito à população convocar a população para determinado tema e não ter nenhuma informação sobre o mesmo. Em seguida passei a informação sobre o debate sobre transbordo que ocorreu dia 27/01/09 na Câmara Municipal. Também solicitei que o vereador se posicionasse sobre isso. A desculpa do vereador, que é da base e um dos mais próximos do prefeito, é que ele não foi convidado. O que esperar de um vereador que se omite das questões principais da cidade? Como alegar ignorância se a própria Prefeitura foi convidada a participar do debate? Isso revela a má-fé e a falta de sintonia com a cidade. Quando estava falando, um vizinho me cutucou e pediu para eu parar porque o bairro poderia ficar prejudicado. Quando o vereador falou, várias pessoas aplaudiram. Por que isso acontece? Como compreender essa situação e como agir para isso mudar? Para responder, selecionei alguns trechos de textos da internet, de diferentes autores. “Enquanto os jornalões e os sites dos jornalões discutem as peripécias amorosas da Luana Piovanni ou o novo corte de cabelo do Ronaldo Fenômeno fico a matutar sobre o interesse que há nessas notícias. Talvez mascarar a realidade, tirar do povo bobo que sempre quer ter algo novo a atenção. O que de fato importa fora o bem-estar pessoal? A vida sexual dos outros? O povo ri de tudo, mergulha nas novelas e aceita com naturalidade que um político receba um salário minguado e multiplique seu patrimônio de forma exponencial.” (Sidney Borges) “O documentário ’É Tudo Nosso!’, de Toni C. mais que uma simples entrevista, é uma oportunidade de entendermos a importância do conhecimento. É imprescindível a reflexão: Como ser ’Tudo Nosso’ se não sabemos o que nos oprime? Como modificar um sistema se não conhecemos como ele opera?” (André Ebner é membro da Nação Hip-Hop Brasil de Ribeirão Preto – SP) “Tenho a impressão de que as mídias eletrônicas ubatubenses estão dinamizando o debate sobre temas importantes para o nosso desenvolvimento.” (Celso de Almeida Jr.) Rui Alves Grilo ragrilo@terra.com.br
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
|