No último dia do ano, exatamente às 21 horas, observatórios astronômicos do mundo que contam com relógio atômico acrescentaram um segundo na Hora Padrão do Brasil. A decisão foi tomada pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), que funciona na França e é responsável pelo ajuste dos tempos padrão e atômico internacionais. No Brasil, quem participa dessa atividade é o Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro (RJ), responsável pela hora oficial no país. O ajuste é necessário para corrigir uma diferença entre os relógios atômicos e o tempo astronômico, gerado pela rotação da Terra. "Existem duas escalas de tempo, o tempo universal, que se baseia na rotação do planeta, e o tempo universal coordenado, que tem como referencial o relógio atômico. Sempre que ocorrem flutuações na rotação da Terra e o movimento acumula uma diferença superior a um segundo, essa fração precisa ser corrigida com a inserção de um segundo intercalado, daí a necessidade do ajuste", explicou o chefe da Divisão da Hora Legal do ON, Ricardo José de Carvalho. O primeiro relógio atômico foi construído em 1949 no Estados Unidos. Em 1955, no Reino Unido, Louis Essen desenvolveu uma versão inovadora fundamentada na transição do átomo de césio 133. O feito do físico levou a uma definição internacionalmente aceita sobre o segundo baseado no tempo atômico. No Brasil, o primeiro relógio atômico foi instalado em 1969, sendo que o primeiro ajuste ocorreu três anos depois. Até hoje foram feitos no país 23 correções horárias. "O elemento do relógio atômico brasileiro é o átomo de césio 133. Mas existem outros relógios atômicos como os de hidrogênio e o de rubídio", disse Carvalho. Sem a correção nos relógios atômicos alguns serviços seriam prejudicados, como a navegação com o Sistema de Posicionamento Global (GPS) e a internet. Além disso, a posição dos planetas não seria conhecida com exatidão para que as sondas espaciais e espaçonaves fossem lançadas e monitoradas. Em 2011, o relógio atômico brasileiro sofrerá um novo ajuste.
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