A Bolsa de Valores de São Paulo teve ligeira recuperação na última sessão do ano, com alta de 1,32%, o que elevou o Índice Bovespa (Ibovespa) para 37.550 pontos. Mas, no decorrer do ano, a evasão de recursos estrangeiros do mercado acionário brasileiro fez a Bovespa perder 41,2% em relação ao fechamento de 2007. Com a Bolsa em alta, a cotação do dólar cedeu 3,35% e terminou o dia valendo R$ 2,332, depois de o Banco Central intervir no mercado de câmbio. O BC colocou US$ 550 milhões em leilões de venda, com compromisso de compra futura, e também vendeu dólares no mercado à vista. Mas nesses casos não divulga quanto ofereceu. De acordo com números da consultoria Economática, a moeda norte-americana se valorizou só 0,56% em dezembro. No acumulado do ano, entretanto, a valorização frente ao real chegou a 31,3%. Em especial, por causa do agravamento da crise financeira internacional no mês de setembro, que culminou com a falência do banco Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos. Dados da Economática mostram que a moeda norte-americana terminou 2007 cotada a R$ 1,777 e continuou se desvalorizando durante todo o primeiro semestre do ano, em função da crescente entrada de dinheiro estrangeiro no país, depois que o Brasil foi considerado “grau de investimento”, em abril, por duas empresas internacionais de classificação de risco. Para desespero dos exportadores brasileiros, que viam seus produtos perderem concorrência no mercado externo, o dólar chegou a valer R$ 1,562 no final de julho, registrando sua menor cotação desde janeiro de 1999, quando o governo adotou o regime de metas, com câmbio flutuante. A partir daquele momento, porém, começaram a aparecer os desdobramentos da bolha hipotecária, revelada ao mundo em agosto do ano passado, com epicentro nos Estados Unidos e reflexos fortes na Europa e Japão. Os investidores estrangeiros começaram, então, a transferir dinheiro do Brasil para cobrir prejuízos lá fora. Com esse movimento de evasão, os preços das ações negociadas na Bolsa de Valores começaram a perder terreno e, com menos dólares no mercado, a cotação da moeda americana começou a subir. Movimento que se agravou nos meses de setembro, outubro e novembro, a ponto de a cotação do dólar atingir seu mais alto nível no dia 4 de dezembro, quando chegou a R$ 2,508 por causa da constatação de recessão, com desemprego, nos Estados Unidos, Europa e Japão. De lá para cá, porém, o mercado de câmbio oscilou menos e a tendência altista do dólar amenizou, forçada em parte pelas intervenções do Banco Central. A autoridade monetária tinha interesse especial em baixar a cotação do dia 30/12, de modo a fechar a cotação média do dólar (Ptax) no ano em baixa, pois essa Ptax é que vai balizar o vencimento de contratos futuros.
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