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Michele é uma menina ativa, gosta de sair com os amigos para dançar e conversar. Estudiosa, aos 18 anos, a jovem que sonha cursar medicina fora do Brasil reconhece que a juventude está cada vez menos politizada. "É difícil encontrar alguém com quem conversar sobre política", diz Michele Queiroga da Silva. A opinião da estudante espelha um dos pontos apontados pela pesquisa, a ser lançada em 2005, pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) que vasculhou a relação entre a participação política e os jovens brasileiros, a ser publicada em 2005. De acordo com os dados, 63% dos jovens não se preocupam com a política e 54% deles têm pouco ou nenhum interesse pelas eleições para prefeito e vereador. "No meu caso, estudei cada candidato para escolher o meu, debati propostas e analisei a vida política de cada um. Acredito que essa seja a forma de legitimar a democracia", completa Michele. Descrença - Outro dado alarmante, apresentado pela sondagem, aponta que um em cada cinco jovens não acredita nos partidos políticos. Para 12%, as eleições não servem para nada e 8% simplesmente não gostam dos candidatos. "Precisamos mudar esse quadro. Ainda mais para está parcela da população que a cada pleito eleitoral se torna mais representativa", afirma o deputado, Davi Alcolumbre. Segundo informações do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, o número de eleitores entre 16 e 17 anos quase dobrou na comparação com os dados de 2002. A quantidade de jovens eleitores passou para 18.091, o que representa um aumento de 63,23%, ou 5,5 % do total de eleitores amapaense. "Não basta lhes dar o voto aos 16 anos. É preciso lhes assegurar meios de entender o processo político brasileiro", argumenta Davi. Para ele, o interesse pela política e a estima pela democracia cresce de forma proporcional à escolaridade do jovem. Luz na escuridão - Apesar do levantamento apontar o desencanto da juventude pelo assunto, ela revela ainda o desejo de mudança. E nem mesmo os 41% dos entrevistados que optaram por não tirar o título de eleitor consegue suplantar os 69% que acreditam que o voto pode mudar o País. "Para ter um país com jovens politizados, precisamos melhorar áreas básicas como a educação e o trabalho. Somente assim poderemos perceber o jovem como ator social importante e participativo", explica Davi Alcolumbre. Dessa forma o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá está implantando o Programa Eleitor do Futuro, idealizado pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Tribunal Superior Eleitoral. O objetivo é estimular a participação de crianças e adolescentes no processo eleitoral, por meio do voto consciente. Dentre as atividades realizadas pode-se citar: reuniões periódicas com os representantes das escolas, palestras educativas, eleição para representantes de turma com a utilização da urna eletrônica entre outras. "Buscamos uma forma para que eles participem ativamente do processo democrático, sabendo, desde já, que antes de votar é necessário conhecer as propostas dos candidatos e analisar qual considera melhor para a sua comunidade", observou o desembargador Honildo Amaral de Mello Castro, presidente do TRE/AP, em exercício e diretor da Escola Judiciária Eleitoral do Amapá.
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