Antes de prosseguir com a leitura, tire da cabeça a imagem de que turismo exótico é viajar para um local de difícil acesso, onde a hospedagem será feita em redes e a alimentação à base de escorpiões. É uma modalidade que vai além do diferente. Traz uma experiência sensorial e cultural que jamais será esquecida. Podemos até dizer que é um investimento pessoal, que resultará em aumento da qualidade de vida, ampliação do conhecimento e, principalmente, a aproximação de hábitos e comportamentos que até então não faziam parte da vida dos turistas. Tudo começou com a Índia, há alguns anos, depois Egito, e agora a palavra de ordem: Dubai. Os turistas começaram a perceber que fazer turismo era muito mais do que ir até Paris ou Nova Iorque, o que indiscutivelmente continua sendo ótimo. Mas perceberam que o turismo exótico traria um canal de informação e cultura muito grande, principalmente depois da globalização e do aumento dos vôos para determinados destinos. Hoje, podemos cruzar o mundo com uma facilidade incrível e conhecer como vivem os vietnamitas (e que o Vietnã não é só a guerra, retratada nos filmes norte-americanos), os tailandeses, os chineses, japoneses, e até os moradores da tão famosa Conchinchina (que existe de verdade e é extremamente bela). Prova disso são os números divulgados constantemente por entidades e instituições consagradas no Brasil. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas – IBRE/FGV apresentou dados de uma pesquisa realizada anualmente, indicando que o número de brasileiros que pretendem viajar nos próximos meses passou de 23,8%, registrado em 2007, para 26,3%. Parece pouco, mas não é, levando em consideração os mais de 180 milhões de habitantes. Entre os fatores preponderantes para isso, estão a estabilidade do dólar e o aumento da renda média da população. Assim, hoje as pessoas não precisam pensar em destinos próximos e mais baratos, como a Argentina e o Chile, por exemplo (embora o número de brasileiros em Buenos Aires e Santiago aumente a cada dia). Somado a isso, ainda temos a influência do público da melhor idade, que hoje tem condições e programa específico para que possam viajar. Para os operadores e agentes de viagem, não poderia haver uma situação melhor, porém quem ganha mais são os turistas, que podem realizar sonhos antigos. Diariamente, temos acesso a histórias de pessoas que sonhavam em conhecer o Egito, a Turquia, o Tahiti, entre tantos outros lugares maravilhosos espalhados pelo mundo. Dessa forma, muda também a visão do que é viajar. Não é mais esperar as férias, pegar uma mala, embarcar, chegar ao destino, fazer um city tour, andar horas a fio e fazer compras. Hoje, com esse crescimento do turismo e das possibilidades de viajar em vários períodos, ao longo do ano, uma viagem é algo que vai além do físico. Desencadeia situações e experiências únicas, como assistir a um ritual xamã em Machu Picchu, conhecer castelos assombrados e se sentir vivendo na Idade Média, percorrer o Caminho de Santiago de Compostela com um guia templário, ou então visitar os saddhus, que são “homens santos” que vivem na Índia e que renunciaram à matéria. Isso sem contar em conhecer países que começam a despontar como destinos importantes: Jordânia, Turquia, Indochina, entre outros. Dubai então nem se fala. Os brasileiros descobriram o destino e adoraram o que viram, tanto que é um dos roteiros mais procurados, principalmente agora com a chegada do final do ano. Tudo isso mostra que o Brasil finalmente abriu os olhos para o turismo. Acredito que não seja apenas pelo mercado favorável, mas principalmente pelo fato de o brasileiro ser um povo com a mente aberta e sempre disposto a quebrar barreiras de idiomas e culturas para fazer amizades e estreitar laços. Trata-se de um movimento muito importante, de uma tendência que confirma o fortalecimento dessa nossa área e das inúmeras facilidades criadas para os turistas. Certamente, as distâncias culturais estão cada vez menores e, quem ganha com isso, são todos: turistas e profissionais do turismo. Nota do Editor: Roberto Nedelciu é diretor da Raidho Turismo.
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