| Carlos Rizzo | | | | Grupo de japoneses, sábado (11/10/2008), observando aves, em Ubatuba (SP). |
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Estou envolvido com observação de aves desde 1995. Foram anos e anos aprendendo e convivendo com pessoas do mundo inteiro que vêm para observar as aves de Ubatuba. No ano 2000, quando comecei a fazer uma pesquisa para traçar o perfil do turista de observação que nos visita, notei que não havia nenhum observador vindo do Japão. Os japoneses são conhecidos pelo refinado gosto pela beleza, amor pela natureza, por adorarem fotografia e poder aquisitivo para viajar para qualquer parte do mundo. Estranhamente não havia registro de japoneses visitando Ubatuba para observar aves. Tanto que, em 2006 quando montei a palestra utilizada em cursos de turismo, em congressos, na informação e capacitação do nosso receptivo para o turismo de observação havia um momento da apresentação dando destaque para a ausência de japoneses nos visitando para observar aves. De agora em diante terei que mudar as minhas palestras. Neste sábado, dia 11, recebemos o primeiro grupo de observadores japoneses. Dez pessoas que atravessaram o mundo numa viagem de 40 horas para observar aves no Brasil. Uma nova agência emissora do USA irá atender japoneses observadores e graças ao Paulo Boute, Ubatuba será a porta de entrada no Brasil. É muito interessante! O guia norte-americano fala japonês, mas não fala português, Paulo Boute é brasileiro e fala inglês, imagine a manobra para pedir um simples chá. No Japão existem 619 espécies de aves, apenas 13 espécies endêmicas. O grupo de japoneses em 24 horas de Ubatuba observou 130 das nossas 500 espécies. Saíram daqui com a melhor das impressões. Logo estaremos divulgando o checklist das aves de Ubatuba em inglês e japonês, somos a primeira cidade do Brasil a ter a sua lista em japonês. Já temos pessoas atravessando o mundo para observar as nossas aves. As aves que podemos observar todos os dias simplesmente abrindo nossas janelas. Mais uma vez dou razão ao Guto Carvalho (do Avistar): “quem observa aves, enxerga longe!”. Depois dos japoneses acrescento: “muito longe!”
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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