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Arte e Cultura
14/09/2008 - 17h16
A reconciliação judaico-espanhola
Hélio Daniel Cordeiro
 

Atualmente vivem cerca de 25 mil judeus na Espanha, concentrados essencialmente nas cidades de Madri e Barcelona. Há comunidades menores em Alicante, Valência, Málaga, Marbella, Palma de Mallorca, Ceuta e Melilla. Segundo diversos autores, durante a idade de ouro do judaísmo espanhol (séculos X ao XIV), o número de israelitas na Península Ibérica seria dez vezes maior.

Alguns historiadores levantam a hipótese de que israelitas acompanharam os fenícios em suas viagens pelo Mediterrâneo desde o século X a.C., quando o rei Salomão, de Israel, firmou intercâmbio de navegação com o rei Hirão, de Tiro.

Mas será somente durante a administração romana na Península Ibérica, nos primeiros séculos da era cristã, que surgem vagas informações, comprovadamente documentadas, sobre a presença judaica na região. Estes judeus dedicavam-se a atividades comerciais e utilizavam a língua latina como meio de comunicação no dia-a-dia.

Uma mudança radical na vida judaico-espanhola aconteceu em 589 com a conversão do rei visigodo Recaredo ao catolicismo oficial (ou seja, o credo cristão adotado no Primeiro Concílio de Nicéia, em 325, e depois revisto no Primeiro Concílio de Constantinopla, em 381). No ano de 613, Sisebuto, outro rei visigodo, ordenou que todos os judeus ibéricos fossem batizados à força, o que, no entanto, não foi suficiente para atenuar o anti-semitismo.

Esta situação só seria posteriormente amenizada em 711 com a conquista muçulmana da Península Ibérica.

A fase da história judaico-espanhola sob a dominação muçulmana, apesar de não ter sido de todo pacífica, é comumente reconhecida como a Idade de Ouro do judaísmo ibérico. Ali nasceram figuras importantes como Salomon ibn Gabirol (1021-1058), Iehuda Halevi (1075-1141), Moshe ben Maimon (1135-1204), Isaac Abravanel (1437-1508) e tantos outros filósofos, teólogos, poetas e tradutores que marcaram a cultura da Idade Média européia.

A convivência com os muçulmanos fez com que os judeus utilizassem a língua árabe comumente, enquanto o hebraico ficou praticamente restrito às questões religiosas.

Expulsos, os sefaradis rumaram para países em que sua liberdade religiosa era garantida, destacando-se inicialmente o Marrocos e a Turquia islâmicos e, posteriormente, a Holanda protestante. Com o passar do tempo, comunidades judaicas de origem ibérica também se formaram na França, Itália, Inglaterra, Alemanha e Brasil, além de regiões dos Bálcãs e do Oriente Médio como Grécia, Bulgária, Bósnia, Sérvia, Israel, Líbano, Síria e Egito, dentre outros.

A marca lingüística destes judeus era o uso de um dialeto hispânico, algo como um portunhol medieval recheado de palavras derivadas do hebraico, que, com o tempo, foi incorporando expressões turcas, gregas e eslavas, em razão da existência das comunidades sefaradis na região dos Bálcãs.

Esse dialeto ficou conhecido como ladino (e também como judeo-español ou judezmo), em torno do qual tem sido feito um trabalho de recuperação, preservação e divulgação nas últimas décadas, especialmente em Israel.

Com a extinção da Inquisição espanhola em 1834, pequenos grupos de judeus começaram a regressar à Espanha na primeira metade do século XIX. No início do século XX, graças principalmente ao trabalho do senador espanhol Ángel Pulido foram registradas algumas experiências de aproximação da Espanha com os sefaradis residentes em outros países e com aqueles que já viviam em território espanhol.

Este artigo busca traçar a trajetória básica dos judeus pela Espanha e, naquilo que pretende de mais original como contribuição acadêmica de pesquisa, comentar e analisar a reaproximação da Espanha com os judeus (de forma geral)e com os sefaradis (mais especificamente).


Nota do Editor: Hélio Daniel Cordeiro (cordeiro@editorial.com.br) é filósofo, jornalista, escritor e palestrante.

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