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Brasil
06/09/2004 - 14h33
A história de um vencedor
 
 

Massacrante jornada de trabalho de mais de dez horas por dia, intervalo de cinco minutos para tomar lanche, água, ir ao banheiro e fumar, almoço que chega a custar até R$ 60,00, com pagamento feito pelo funcionário, alojamento em forma de cubículo de 3 x 4 metros para duas pessoas, banho coletivo e pressão de todo lado. Este é o ambiente que muitos trabalhadores brasileiros enfrentam no Japão. Com Edison Katsutoshi Abe, foi assim, mesmo sendo ele, um engenheiro mecânico, especializado.

Mas o que leva um profissional com boa formação universitária e experiência profissional, aos 45 anos de idade, casado, pai de um estudante de 15 anos de idade a se aventurar do outro lado do mundo?

"Necessidade de pagar as contas e cuidar da família", resume Edison, como é chamado. A vida profissional desse descendente de japoneses, começou a ficar complicada com a falência da Indústria de Embalagens Paulistana, fabricante de caixas e chapas de papelão ondulado, onde ele trabalhava há vários anos. "De repente, a empresa faliu, perdi o emprego e não recebi meus direitos. Os empregos que apareciam eram muito mal remunerados. Havia outro problema, a minha idade. Bateu o desespero. Então decidi trabalhar no Japão".

Na época, em 1999, Edison tinha comprado um apartamento no Jardim Anália Franco, na Zona Leste de São Paulo e precisava de recursos para receber as chaves. Durante dois anos e meio, o engenheiro trabalhou na montadora de carros Suzuki, que produz 650 carros a cada oito horas. No início o trabalho dele era colocar as portas no carro. Cada porta tinha que ser instalada em 50 segundos, caso contrário toda a linha de produção ficava parada. Depois passou para o setor de montagem de motores e colocação de borrachas nas carrocerias. "Era um serviço pesado e difícil. Às vezes dava vontade de chorar".

Mas o sofrimento de Edison aumentava nos finais de semana por causa da saudade da família. As ligações DDIs eram muito caras. Mas era a única forma de matar as saudades, pelo menos das vozes da mulher, do filho e dos parentes.

Até para saciar a vontade da comida brasileira era difícil. "Tudo era muito caro". Edison morava na cidade de Shizuoka, em um prédio onde ficavam os brasileiros, "os mais mal remunerados pela empresa que terceirizava mão de obra para a Suzuki". Mesmo assim, conseguiu economizar até 60% do salário, para envio ao Brasil. Chegou a emagrecer 23 quilos.

A "salvação" de Edison começou com um telefonema feito do Brasil. Do outro lado da linha, os atuais Presidente e Diretor Executivo da Coopercaixa, fizeram um convite para que ele voltasse. Os ex-funcionários da Paulistana, tinham formado uma Cooperativa, a Coopercaixa e, estavam tocando a fábrica com muito sucesso.

Ouvindo um sonoro sim, Anilto Martins, o Presidente e Sergio Madjarof, o Diretor Executivo, prepararam a volta, que acabou acontecendo em abril do ano passado.

Edison voltou ganhando a metade do que recebia no Japão. Mas a essa altura já tinha pago as dívidas e não via a hora de voltar para casa.

A primeira coisa que ele fez ao chegar ao Brasil foi beijar o chão no aeroporto. "Terra abençoada como o Brasil não há", depois tomou um café brasileiro. No Japão o café é na latinha, "é horrível, parece água suja".

O engenheiro disse que passou a valorizar ainda mais nosso país, depois dessa experiência: "Não existe terra mais maravilhosa do que o Brasil. Só quem sai daqui para trabalhar lá fora dá o valor que o país merece".

Edison deixou muitos amigos no Japão. Como fala fluentemente a língua oriental, servia de intérprete para os colegas. Muitos choraram na despedida dele.

Hoje, quando fala de sua história não economiza palavras para agradecer o gesto de Anilto e Sergio. "Serei grato à vida inteira. Os orientais não esquecem as pessoas que os ajudaram. O que eles fizeram nenhum irmão faria. Trouxeram-me do Japão para realizar um trabalho que eu gosto e onde atuo há mais de 25 anos. Eu achava que não conseguiria arrumar um emprego novamente no Brasil em minha profissão."

O modelo japonês

A experiência na linha de montagem da Suzuki aprimorou os conhecimentos de Edson. No Japão a produção é baseada em parcerias entre as diferentes empresas que fornecem produtos e serviços para a montagem dos carros. Muitas cooperativas participam do processo. É muito comum uma empresa montar carro para outra, conseguindo assim, otimização do uso dos equipamentos e dos profissionais. A Coopercaixa se assemelha em muito a esse modelo. A fábrica presta serviços para seus clientes industrializa caixas e chapas de papelão ondulado para produtores tradicionais do mercado. São várias empresas dentro de uma só fábrica. Não há concorrência para disputar o cliente final, pois a Coopercaixa já se especializou nesta modalidade de trabalho e está preparada para atuar, evitando concorrência desleal.

Uma outra similaridade entre o modelo japonês e a Coopercaixa é a forma de pagamento aos profissionais: os que produzem mais recebem mais. No caso brasileiro, Edison, aponta uma grande diferença: "aqui somos donos do nosso próprio negócio".

Para ele muitos brasileiros ainda não perceberam a importância do trabalho cooperado. "Temos que valorizar o que fazemos aqui. Precisamos agarrar com unhas e dentes nossos postos de trabalho para o crescimento do empreendimento. Isso só acontece quando os cooperados se unem".

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