| Carlos Rizzo | | | | Pica-pau-de-campo, Colaptes campestris. |
|
Entre sete e oito horas da manhã a rua Guarani, no Centro, em frente à área do aeroporto, apresenta um silêncio agradável. O comércio ainda não abriu as suas portas, são poucos os carros que passam por ali e a passarada está em plena euforia pelo dia que amanhece. Outro dia, no meio da cantoria, ouvi um grito desesperado que logo identifiquei como sendo de um pica-pau-de-campo. Saí da minha sala correndo para ver o que estava acontecendo. No meio da área, no poste onde há um pára-raios, vi este bando amontoado de pica-paus e, logo acima, um gavião. Corri pegar a máquina, mas não deu tempo de registrar o gavião. Os pica-paus ficaram estáticos. Com calma, pude observar que o gavião havia ferido o pica-pau da direita e que os outros não se mexiam dali pelo pavor que o rapinídeo provocou com o seu ataque. Mesmo sem ter tido muito tempo para ver o gavião pude identificá-lo como sendo um gaivão-miúdo, Accipter striatus, que ainda não tinha registrado entre os meus avistamentos. Passado o susto os pica-paus logo voltaram a sua rotina de pastarem pelo gramado, por isso se chamam pica-pau-de-campo, Colaptes campestris, este gênero tem somente três espécies que descem ao chão e ficam buscando bichinhos e insetos no gramado. O interessante que enquanto o bando fica no chão, sempre tem um que se posiciona em um lugar mais alto para avisar os companheiros de qualquer perigo iminente, foi justamente o grito de alerta que me chamou a atenção.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
|