"Epa, epa, epa. Muita calma nessa hora." O bordão do personagem Juvenal Antena, protagonizado por Antônio Fagundes, na novela das oito, pode funcionar como um chamado: pare agora mesmo e pense melhor sobre como você está vivendo. Afinal, a vida é o bem mais precioso de que dispomos. É preciso trabalhar para ganhar, mas é preciso saber viver. Vale propor que cada um aproveite o sossego dos lares para fazer uma reflexão e quem sabe até escrever um pouco sobre como andam as coisas no seu universo pessoal. Talvez levemos um susto, que contribuirá para uma mudança de curso ou ritmo de vida, encontrando espaço para cuidar da família, divertir-se, sair com os amigos, e por aí vai. Quanta energia é gasta com picuinhas, vaidades, ira, gula, avareza, inveja, preguiça, luxúria? A perda de tempo com essas bobagens faz com que a vida passe rápido demais. Estamos olhando só para os nossos umbigos, e não para a coletividade. Como diz o ditado popular, juntos, somos mais fortes. É preciso fazer justiça, lutar pelos ideais, rumo a um país melhor, com equilíbrio e limites claros para todos. A vida está em nossas mãos. Não vamos desperdiçá-la. Lamentavelmente, o movimento dos caras-pintadas adormeceu. Será que aquele espírito jovem e inquieto desapareceu também e a sociedade se acomodou de vez? Ninguém sabe quando a morte vai aparecer. Quantos dias ainda nos restam? A vida é curta para responder a todos os e-mails que chegam, terminar um livro que você não gostou desde o início, relacionar-se com quem não tem a menor afinidade, ficar encanado, ter medo do novo, e assim segue o baile... Vamos abraçar nossos filhos, parentes, amigos e, quem sabe, o nosso próximo. Podemos mudar muitas coisas. As escolhas que faremos estão esperando por nossas decisões. Que caminho iremos tomar? A luta diária entre o ser e o ter precisa nos ensinar a viver. A vida é um dom, presente precioso, e está sempre esperando por nós. Vamos escrever, cantar, brincar, sorrir, dançar, passear, namorar, construir, amar, pescar, dizer oi, lutar. Somos passageiros desse trem, que vai parando por muitas estações. O samba diz: "Se eu perder esse trem que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã". Não deixe para amanhã de manhã. Nota do Editor: César Döhler (cesar@dohler.com.br) é economista.
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