Uma missão de 26 diplomatas e técnicos do governo brasileiro está no Haiti até o próximo domingo para identificar áreas em que o Brasil pode contribuir para melhorar a crise social e política do país. Entre os projetos que podem ser estabelecidos, destacam-se o combate à Aids, campanhas de vacinação, agricultura familiar, montagem de estrutura de Defesa Civil, capacitação do judiciário e organização das eleições presidenciais. A cooperação também será escolhida de acordo com a experiência brasileira em outros países em desenvolvimento. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, atua em diversos países, disseminando técnicas de plantio e processamento de produtos agrícolas. "A Embrapa, por exemplo, detém conhecimento de ponta e utiliza técnicas simplificadas", explicou o coordenador-geral de cooperação do Ministério das Relações Exteriores e chefe da delegação no Haiti, Mário Saade. Após reuniões com representantes do governo provisório do Haiti, Saade disse que o governo haitiano se interessou pelos processos de beneficiamento de castanhas de caju, mandioca e cana-de-açúcar. "Temos dois técnicos da Embrapa que estão fazendo uma prospecção desses setores. Provavelmente isso vai gerar em curto prazo, projetos de cooperação entre Brasil e Haiti", afirmou. Eleições Apesar da diversidade dos projetos, a mais importante ajuda deve ser com a organização das próximas eleições do país, que viveu uma crise política após a queda do presidente Jean Bertrand Aristide. A própria resolução da ONU, que autorizou a missão de paz no Haiti (Minustah), obriga a realização das eleições no próximo ano. Porém, o Haiti não possui um cadastro confiável de eleitores. A maior parte da população não tem sequer carteira de identidade. "Grande parte da população não tem documento de identidade. Além do que o índice de analfabetismo é muito alto", ressaltou Saade. O Brasil enviou um técnico do Tribunal Superior Eleitoral para acompanhar o grupo de trabalho formado por Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização dos Estados Americanos (OEA). O documento que baseia os trabalhos dos brasileiros no Haiti faz parte de um diagnóstico feito pela ONU junto ao Banco Mundial, Comissão Européia e Banco Interamericano de Desenvolvimento. O dossiê foi utilizado na conferência dos doadores internacionais em julho deste ano. Os países participantes prometeram mais de US$ 1 bilhão para a reconstrução do país mais pobre das Américas. Mário Saade explica que a missão brasileira é de "prospecção e levantamento de dados para que uma análise seja feita quando a comissão voltar ao Brasil". Saade disse ainda que as ações podem ser realizadas tanto em curto ou longo prazo. A decisão final sobre os projetos que o Brasil vai desenvolver no Haiti será tomada nas próximas semanas.
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