21 a 29 de agosto
É muito comum ouvir pessoas dizendo que têm dificuldade em se deslocar, pois não têm bom senso de direção, ou precisam de óculos ou lentes de contato para enxergar melhor, e assim se estabelece o que já sabemos: que cada um de nós é melhor em alguma coisa e em contrapartida, tem algumas deficiências. A Semana da Pessoa com Deficiência foi criada para que a sociedade reflita sobre as suas insuficiências. Acabamos dando ênfase para as pessoas que são surdas, cegas, paraplégicas, ou têm alguma dificuldade física. O que é perfeitamente aceitável enquanto este segmento da sociedade não estiver completamente inserido nas rotinas de planejamento. Esta data será necessária enquanto aqueles que têm mobilidade reduzida continuarem encontrando dificuldades para entrar em um transporte urbano, enquanto os hotéis, restaurantes e locais destinados ao lazer não disponham de alternativas para quem está numa cadeira de rodas, seja porque quebrou uma perna ou porque não vai poder andar para o resto da vida. Em novembro, Canela será o palco desta discussão. O Congresso Ibero-Americano de Acessibilidade no Turismo vai propor uma reflexão sobre o mercado de produtos e serviços para pessoas com deficiência. Se fizermos uma análise do cenário brasileiro veremos que ainda há muito que conquistar nesta área. É possível listar uma série de problemas como a questão da saúde, a dificuldade para encontrar especialistas e o tempo de espera para uma consulta pelo SUS, o mercado de trabalho, que fecha suas portas aos deficientes e os impede de ter uma vida independente financeiramente. Mesmo para as pessoas que têm uma situação financeira resolvida, é complicado. Se vão viajar, não conseguem acesso ao avião, não têm como entrar em um ônibus, não dá para subir até o quarto do hotel etc. O Trade turístico precisa abrir os olhos para este nicho. Segundo dados da ONU, só no Brasil, por dia 500 pessoas adquirem alguma deficiência, seja por acidente de trânsito, acidente de trabalho ou outros motivos. Portanto, é fundamental refletirmos sobre as nossas deficiências administrativas e começarmos a pensar em um mercado que, além de precisar de atenção pode (e porque não?) dar retorno para quem investir.
Nota do Editor: Maria Beatriz Lagranha é psicóloga, coordenadora geral do Núcleo de Estudos Pesquisas e Eventos do Instituto Pestalozzi e presidente do Congresso Ibero-Americano de Acessibilidade no Turismo.
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