| Carlos Rizzo | | | | Casal de canários-da-terra. |
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Em quase todo o reino animal a máxima de que todos os machos são mais bonitos é totalmente válida. Eu disse quase. A regra não é válida, pelo menos em minha opinião, para a espécie humana. Olhando a foto é inevitável que os nossos olhos se dirijam imediatamente ao colorido do canário-da-terra, macho e, só depois, olhando com mais atenção, é que percebemos a fêmea com material do ninho no bico. A regra do macho mais bonito tem a ver com a sobrevivência da espécie. O mesmo movimento feito pelos nossos olhos acontece com o fino olhar dos predadores, chamar a atenção dos predadores é a principal função da beleza nos machos. A plumagem “sem graça” das fêmeas tem justamente a função de camuflar e proteger. Num ataque de qualquer predador o macho se movimenta chamando facilmente a atenção e, a fêmea permanece imóvel, passando totalmente despercebida. Imagine como seria facilmente notado um macho tié-sangue chocando os ovos num ninho, ou mesmo este macho todo amarelinho da foto. Os ninhos confeccionados com raízes e folhas secas mais ou quase nada colorido da plumagem das fêmeas tornam-se quase impossíveis de serem localizados. Os machos servem como prato principal dos predadores. Além do mais, a eventual perda de um macho em pouco, ou nada, afeta a espécie, o que não é o caso da perda de uma fêmea, que significa a interrupção do nascimento exponencial de vários indivíduos daquela espécie. A natureza é sábia, deu a beleza e a pouca importância aos que mais aparecem e deu toda importância a quem mais produz e pouco se faz notar. No mínimo uma regra muito interessante e onde novamente, a espécie humana é exceção.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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