Ao invés de negar a possibilidade de apagão de energia em 2008, o ministro interino de Minas e Energia, Nélson Hubner, deveria admitir o risco e pedir a colaboração da população, além de ter em mãos um plano B. A avaliação é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adriano Pires, que fundou o Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), empresa de consultoria na área da indústria de energia. Ele apontou três fatores que tornariam evidente o risco de racionamento: falta de gás suficiente para atender o mercado térmico e o não-térmico, escassez de chuvas e a perspectiva de retomada do crescimento econômico, que aumenta a demanda por energia. "Não está chovendo o que deveria chover, está faltando gás, a população deve usar a energia de forma racional. E vamos torcer para chover. Seria melhor o ministro (Nélson Hubner) falar a verdade, com maturidade política, de forma tranqüila", afirmou, ao lembrar que em 2001 a população só foi alertada depois da crise instalada. Nos últimos cinco anos, acrescentou, o governo brasileiro "deu sorte" porque o alto volume de chuvas e o crescimento econômico teriam mascarado os problemas do setor de energia. Pires disse ainda que investimentos privados foram desprezados em contrapartida a uma aposta nas estatais: "Precisamos ser mais pragmáticos e menos ideológicos na gestão do setor elétrico brasileiro." A solução apontada pelo diretor do CBIE para é a diversificação da matriz energética, que hoje tem aproximadamente 85% o total gerados por hidrelétricas: "O governo deve estimular investimentos em térmicas a carvão, a bagaço de cana, em nucleares e eólicas. Vamos continuar com a água como principal fonte, mas ela deve perder o peso relativo, para que no futuro estejamos mais protegidos."
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