Carlos Rizzo      Amazilia fimbriata bebendo e Melanotrochilus fuscus esperando.

Muitas pessoas reclamam que em alguns bebedouros parece ter uma determinada espécie que domina e espanta os outros beija-flores.

É comum olharmos os animais com o olhar carregado de valores e desvalores humanos e, no caso da competição pelo bebedor, acharmos que existe uma espécie que domina e outras que se deixam dominar.

Já disse várias vezes que tenho especial predileção pelos beija-flores, e admiro mais ainda o nosso beija-flor-rajado, na mata ele é o maior e seu bico imenso dá a sensação de ser extremamente agressivo. Quando ele chega, e o movimento nos bebedouros está congestionado, é mais fácil alguém correr atrás dele do que ele invadir com o seu “corpanzil” o espaço dos outros beija-flores. Ele tem o dobro do tamanho de um beija-flor-cinza e, no entanto se afasta quando este avança sobre ele. Olhando com atenção o rajado parece que fica provocando o cinza e fica saindo e voltando ao bebedouro, mais dois minutinhos de atenção, e começamos a desconfiar que o rajado é um tremendo de um gozador, e é mesmo. Tudo não passa de uma brincadeira, pois na hora que o rajado resolve beber a sua água ele vai, bebe, e sai cantando na direção da mata.

Do mesmo jeito acontece com o beija-flor-preto-e-branco. Quando estão veraneando por Ubatuba eles são em maior número em todos os bebedouros. Na minha casa teve um ano que me incomodou, eram tantos que não sobrava espaço para as outras espécies e, no entanto olha o que a foto registrou! Um preto-e-branco educadamente esperando a sua vez no bebedouro.

O fato é que já tive a infeliz oportunidade de ver um beija-flor ferido por estilingada e, nestes anos todos, jamais encontrei algum beija-flor morto ou ferido por ataque de outro beija-flor.