| Carlos Rizzo |  | | | Filhote de saíra-sete-cores. |
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A época dos ninhos, dos ovos e do nascimento dos filhotes já passou. Agora é a época dos juvenis passearem por aí. Para quem observa aves é uma época difícil, em tamanho os juvenis já se assemelham aos pais, mas na plumagem é um carnaval de cores indefinidas e por formar. Este da foto ainda terá as sete cores da saíra. É comum a confusão na hora de identificar uma espécie e, é comum, também, os observadores se utilizarem do termo “deve ser um juvenil” para alguma espécie que não se conseguiu identificar. Com algumas exceções a grande maioria dos filhotes das aves é extraordinariamente independente, a andorinha logo na sua primeira aventura aérea tem autonomia para voar 24 horas sem pousar; o beija-flor que, enquanto esteve no ninho manteve o bico reduzido, rapidamente desenvolve o bico pouco antes de abandonar o ninho e já sai voando com a mesma energia dos pais. O mais demorado a abandonar a tutela dos pais é o filhote do urutau. Quase todos eles já saem do ninho com capacidade para voar e encontrar alimentos, alguns ainda perseguem os pais a espera de alimentos e outros como o filhote do chupim, que foi chocado em ninho alheio, gruda irritantemente por muito tempo na pobre coitada “mãe” tico-tico. Os que se alimentam com insetos, como a andorinha, são liberados já no primeiro vôo e, os que se alimentam de frutas e sementes, parecem demorar um pouco mais para alcançarem a independência total. Se voar é sinônimo de independência o mais impressionante é o albatroz-solitário, Diomedea exulans. O filhote nascido em algum costão rochoso, inóspito e quase inalcançável obriga a seus pais voarem diariamente até mil quilômetros em busca do alimento para o único e amado descendente que, quando juvenil, liberado para a sua vida independente, voa por todos os céus deste nosso planeta azul sem nunca pousar. Isto pode demorar até a cinco anos! Enquanto não encontrar a sua parceira para nidificar vai continuar a voar, a voar... Haja liberdade!
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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