As relações humanas entre indivíduos têm vida própria e peculiar, que ultrapassa as características de seus componentes e se manifesta não só na relação de um grupo com outro, mas também, principalmente, nas relações que os membros de um grupo mantêm entre si Para se travar um bom relacionamento e um convívio agradável em sociedade, é necessário, antes de tudo, um bom autoconhecimento, ou seja, para conhecer a outra pessoa e poder fazer uma avaliação mais sensata e imparcial, é preciso, antes de mais nada, se conhecer. Para evitar projeções, ou melhor, para identificá-las (pois projeção é um mecanismo psíquico natural), é preciso reconhecer o que de si está sendo projetado no outro, para a partir de então, o outro poder ser visto da forma como ele realmente é. As pessoas tendem a tratar os outros a partir do seu referencial de valores e princípios, de certo e errado, de justiça ou injustiça, e assim por diante. Elas acreditam que a janela de seus olhos retrata toda a verdade em si e do mundo. Colocar-se no lugar do outro não é tão simples assim, pois se faz necessário olhar o mundo com os olhos do outro, segundo as experiências vividas por essa outra pessoa. O que normalmente se faz é dizer: se eu fosse você, eu faria assim ou teria feito de outra forma. Mas você não é a outra pessoa. Como seria se realmente fosse? Ter nascido na casa dessa outra pessoa? Ter um padrão de pensamentos como o dela? E fazer diferente? E a maravilha que se sucede é que os julgamentos e as críticas caem por terra, abrindo espaço para a real compreensão e a compaixão. Que nada mais é do que empreender-se com alguém em algo, formando amizade, companheirismo e puro afeto. Nesse sentido a citação bíblica passa a fazer sentido: "Amai-vos uns aos outros". O amor pode nascer quando o julgamento morre. Enquanto a luz da própria verdade quiser prevalecer, a escuridão existirá. Só quando o homem tiver a coragem de olhar para a sua escuridão, do outro poderá surgir a luz amorosa na relação. Deste confronto consigo e com o outro, da luz e das trevas, é que surge o amor, a cumplicidade de saber que todos estão num contínuo processo de evolução e aprendizado. Nota do Editor: Maura de Albanesi é psicoterapeuta, pós-graduada em Psicoterapia Corporal, Terapia de Vivências Passadas (TVP), Terapia Artística, Psicoterapia Transpessoal e Formação Biográfica Antroposófica; Master Pratictioner em Neurolinguística; e mestranda em Psicologia e Religião pela PUC.
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