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COLUNISTA
Carlos Rizzo
20/11/2007 - 12h03
Pior que matar é deixar ferido
 
 
 
Carlos Rizzo 
  Frango-d’água-azul - Porphirula martinica.

Considero o estilingue uma ótima ferramenta para o desenvolvimento da criança. Equilibrar concentração, força e pontaria me lembra a arte do arqueiro zen que relaciona o desenvolvimento da pontaria com o desenvolvimento da objetividade. Desta forma, não abomino a ferramenta, tanto que meu filho sempre teve o seu estilingue e desde de pequeno aprendeu a treinar a sua mira somente em objetos inanimados. Do mesmo jeito a arapuca, como evitar a arapuca com um moleque que está crescendo no meio do mato? Fiz uma arapuca para o meu filho e ensinei, com todo respeito, a pegar os passarinhos e examinar, tirar eventuais carrapatos e ter o prazer de soltar os bichinhos. Meu filho passou muitas horas sentadinho sem tirar o olho, concentrado ao extremo, esperando a melhor oportunidade para puxar a cordinha.

Destas e de outras formas o fato é que meus filhos aprenderam, pelo conhecimento, a amar e respeitar a natureza. Quando o Richard Hasmunsem esteve na minha casa, filmando parte de um documentário, ele ficou impressionado com os conhecimentos do meu filho Giulio, naquela época com nove anos, e que, em outra oportunidade, surpreendeu um grupo de ornitólogos ao indicar o ninho e falar corretamente o nome científico da ave.

Outro dia conversando com um caçador, em plena atividade na caça comercial (*), ele me disse que para matar uma caça não se pode ter dó, tem que olhar e atirar sem dó. Disse também que jamais entraria no mato para caçar com uma pessoa como eu, "que tem dó de matar uma caça", segundo ele a caça não morre, foge ferida, muitas vezes para morrer longe sem chance de ser apanhada. Prejuízo certo para o bolso dele.

Dia desses fui solicitado a socorrer a ave da foto, um frango-d’água-azul, Porphirula martinica. A pessoa me relatou que viu a ave de longe e que ela deixou-se apanhar sem resistência, como se estivesse ali esperando que alguém a ajudasse, ao examinar estava claro o lugar da pedrada que ela levou na cabeça. Pedrada que não matou, mas aleijou. Se não houver nada sério na hemorragia que apresentava na hora, sobreviverá sem o seu olho esquerdo que ficou inutilizado por um desvio irreversível afetando para sempre a sua vida normal e talvez impossibilitando a sua reintegração na natureza.

Isso é um grande e desnecessário desperdício.

(*) Caso você não saiba, existem pessoas que moram na cidade, que até se dizem defensores da natureza, mas que não abrem mão de um churrasco com carne de caça, elas encomendam seus petiscos a este tipo de caçador que vive exclusivamente da venda da carne de animais da Mata Atlântica.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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