| Carlos Rizzo | | | | Maria-faceira - Syrigma sibilatrix. |
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Quando escrevi o primeiro artigo sobre ela não entendi bem o porque do seu nome, maria-faceira, o nome científico ajuda menos ainda, Syrigma sibilatrix. Até que pude observar com calma ela andando em pasto aberto. Tive que recorrer ao Aurélio, faceira: mulher vaidosa e/ou afetada. Bem vamos a outro dicionário: Mulher vaidosa, elegante. Mesmo assim faltou adjetivos. Se tivesse com o Houaiss na mão iria acrescentá-lo, acho que mesmo assim faltaria adjetivos para ilustrar o andar da tal maria-faceira. Mesmo assim vou tentar descrever. Depois que pousou e começou a andar, ela inclinou o pescoço para traz até encostar no corpo, achei que ela estava com problemas, avançou o pescoço para frente e tornou a incliná-lo para trás várias vezes e sem parar de andar. Seu andar era reto e firme, deduzi que não era problema. Jeito estranho de andar! E ela me surpreendeu mais ainda, parou de inclinar o pescoço para frente e para trás, continuou andando e passou a contorcer o pescoço como se fosse uma cobra (daquelas de Hollywood) subindo da cesta ao som da flauta indiana. Lembrou? Fazia isso com o pescoço alternando com um rebolado no corpo e sem perder a linha do andar. A impressão que dava era que logo aquilo tudo viraria um nó. Coisa de louco! Você pode achar que a minha descrição está meio exagerada, garanto que não está, mas se duvidar e tiver a oportunidade procure por ela, não é difícil encontrá-la em áreas abertas como pastos, mangues e descampados em beiras de rios e, se conseguir vê-la andando garanto que vai procurar no Houaiss mais adjetivos para acrescentar aos que já usei.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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