Dimitri Matoszko

Você consegue imaginar a que distância estamos do norte do Canadá ou do Alaska? Ou então imaginar o que é 10 mil quilômetros de distância? Pois é o que esta avezinha, uma batuiruçu-de-axila-preta, Pluvialis squatarola, percorreu para tomar um banho de mar em Ubatuba. Seu esforço está longe do recorde mundial, mas na sua categoria com certeza é a nossa campeã. Do mesmo jeito que a recordista mundial ela é uma ave praieira e com uma agravante, característica da espécie, falta-lhe o dedo posterior que nas aves tem a mesma função que o nosso polegar. Isto lhe restringe os locais de pouso e descanso o que a obriga a percorrer aquelas distâncias sem paradas.

Mesmo assim esta avezinha voa pelo mundo todo. Durante o verão boreal ela nidifica no Alaska e no inverno de lá migra para a África, Índia e América do Sul.

Novamente ponto para o Dimitri pela oportunidade do registro. Com mais um detalhe, como não conseguia ver a falta do dedo posterior ainda insisti com o Dimitri para que ele fotografasse esta minúcia, e não é que ele conseguiu! O valor do trabalho do Dimitri na observação de aves em Ubatuba é digno de louvores, pois além das colaborações com fotos de primeiríssima qualidade, além da oportunidade dos inúmeros novos registros ele tem colaborado sobremaneira na consolidação do checklist de Ubatuba.

Estamos trabalhando junto com o pessoal do Centro de Estudos Ornitológicos da USP para o reconhecimento oficial do nosso checklist. Este é o primeiro passo para ter oficialmente Ubatuba como referência nacional em ornitologia. Para isso cada espécie anotada tem que ter um autor de reconhecida capacidade de identificação. Isso tem implicado em uma pesquisa exaustiva nos meus papéis arquivados para que não haja contestação de nenhuma das 484 espécies avistáveis em Ubatuba.