| Dimitri Matoszko | | | | Iraúna-grande - Molothrus oryzivorus. |
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Cada estação do ano tem seu encanto e cada um de nós tem uma estação preferida. O final do inverno e o início da primavera possui um encanto especial que é a época da reprodução das aves. Elas esperam o final do inverno e o começo das floradas como que para garantir os alimentos necessários aos filhotes e só a partir disso iniciam o ciclo de reprodução. Namoro, acasalamento, confecção do ninho postura e choco dos ovos. Cada etapa é cumprida cerimoniosamente, repetida com disposição e desprendimento enquanto houver a garantia do alimento para os filhotes, é isso que determina o tempo da reprodução. Se haverá ou não alimentos para os filhotes que vão nascer. Na Europa o ciclo reprodutivo acontece de março a junho e este ano os pesquisadores notaram certo distúrbio por conta das altas temperaturas provocadas pelas mudanças climáticas. As temperaturas se elevaram antes do final do inverno e provocou a eclosão dos alimentos básicos para os filhotes e as aves, percebendo a alteração, anteciparam o ciclo reprodutivo. Aqui já percebemos algumas alterações, como a chegada antecipada do beija-flor-preto-e-branco, infelizmente vamos perceber os efeitos das mudanças climáticas depois do verão, que promete temperaturas acima da média e a exemplo do verão passado deve acelerar o ciclo dos alimentos, o que é um desespero para a sobrevivência das aves. Além de tudo isso que as aves têm que enfrentar devemos lembrar dos predadores de ninhos. São cobras, lagartos, micos alienígenas como no caso da Ilha Anchieta, e outras aves como os tucanos e os guaches. Quando não aparece uma nova espécie como esta registrada pelo Dimitri. Uma irauna-grande ou Molothrus oryzivorus que na foto aparece invadindo um ninho de japim. Tive a oportunidade de ver este ninho lá no Itamambuca Eco Resort, está há uns trinta metros do chão e na ponta da folha de uma palmeira, demonstrando uma engenharia de fazer inveja a muitos diplomados. Voltando a irauna (do tupi guarani guira + una, ave preta) ela é da mesma família do chopim gaudério um Molothrus, se aquele é cheio de pose e gáudio, esta deixa claro sua preferência alimentar (oryza = arroz + vorus = devorador). Igual ao chopim, tem a mania de colocar os seus ovos para outras espécies chocarem. Agora temos outro problema para resolver, será que existe algum arrozal em Ubatuba? Ou ela é moradora do Vale do Paraíba onde tem muitos arrozais e só está passando uma temporada por aqui?
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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