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Arte e Cultura
24/10/2007 - 17h13
Costumes brasileiros já são comuns no Japão
Laura Lopes
 

Agência USP de Notícias - Desde 1980, cerca de 300 mil brasileiros migraram para o Japão, superando os 250 mil imigrantes japoneses que, até 1988, vieram para o Brasil. "Nestes quase 100 anos, eles introduziram inúmeros hábitos e costumes na cultura brasileira. E o mesmo está ocorrendo no Japão com a presença dos brasileiros", afirma a professora Luci Filho, que defendeu uma tese de doutorado sobre o tema na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

A pesquisa é uma extensão do seu mestrado, no qual estudou o processo de desenvolvimento do lazer na comunidade nikkei - denominação em língua japonesa para os descendentes de japoneses nascidos fora do Japão ou para japoneses que vivem regularmente no exterior. "Agora, eu quis conhecer os aspectos étnico-culturais e de lazer dos brasileiros na conquista do espaço japonês", comenta a professora já aposentada. Para tanto, aplicou 24 questionários e fez 20 entrevistas com brasileiros que permaneceram temporariamente no Japão.

Dekasseguis ou não?

O termo dekassegui, em sua tradução literal, significa "migração de pessoas que saem de um lugar em direção ao outro para ganhar a vida". Durante a pesquisa, Luci percebeu que as pessoas que faziam parte de seu objeto de estudo almejavam uma vivência mais ampla, como aventurar-se, experimentar e testar potencialidades individuais, além da intenção de voltar ao Brasil. Por isso, o termo usado na tese foi "migrante brasileiro".

A grande maioria era constituída por filhos de japoneses ou descendentes mestiços, 74% tinham entre 20 e 49 anos, e 62% eram mulheres. O tempo de permanência dos entrevistados no Japão variou de 1 a 15 anos, sendo que 40% ficaram de 1 a três anos.

Crimes e churrasco

Luci observou impactos socioculturais de brasileiros no Japão, em situações semelhantes às encontradas na vida dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil. Tanto uns quanto outros tiveram de enfrentar situações sociais desafiadoras, sendo levados a construir e reconstruir sua identidade. A tese mostra que muitos migrantes brasileiros têm sido protagonistas de problemas sociais, sobretudo relacionados à criminalidade. "Mesmo assim verifiquei mais experiências positivas do que negativas, principalmente as que se referem ao enriquecimento cultural", conta Luci.

Por outro lado, a professora constatou influências brasileiras de forma a diversificar a cultura japonesa. "Assistindo a uma novela pela TV a cabo, vi um personagem dizer ’oi, amigo’, expressão tipicamente brasileira". Assim como a linguagem, a culinária, com a introdução da caipirinha e o aumento do número de churrascarias e restaurantes de feijoada; o esporte, com o futebol e a capoeira, e a religião - há 14 templos da Igreja Universal do Reino de Deus -, também são algumas marcas brasileiras em solo japonês. Há lojas especializadas em produtos brasileiros e algumas até mesmo ambulantes - vans ou caminhões percorrem locais onde nossos conterrâneos transitam.

Em relação aos bens de consumo, Luci verificou que japoneses gostam de comprar calça jeans brasileiras, lingeries e até camisetas Hering. Nas relações sociais, alguns aprenderam o nosso "jeitinho" de fazer amizade, com "tapinha" nas costas e gestos de cumprimento informal. Outros passaram a escovar os dentes após as refeições, o que não era de costume. Alguns entrevistados, porém, perceberam certo preconceito étnico-racial no trabalho - algumas empresas separam a ala de brasileiros da ala de japoneses, mesmo em refeitórios -, também observado nas escolas.

Quanto à alimentação, os brasileiros tiveram dificuldade em se adaptar, assim como ocorreu com os primeiros imigrantes japoneses no Brasil, reclamando a falta de feijoada, coxinha e pastel - curiosamente vendido aqui por muitos japoneses. Alguns pratos da culinária brasileira foram adaptados para "matar as saudades". "Com o aumento de brasileiros no Japão, passou-se a vender alimentos típicos daqui, como feijão, pó de café, farofa, leite condensado e cortes de carne brasileiros, entre outros."

Aspectos históricos e sociais

A partir da década de 80, o Japão se tornou uma potência econômica mundial, enquanto que o Brasil mergulhava na alta inflação e na estagnação econômica. O país oriental, com cultura étnica até então homogênea, começou a receber migrantes por absoluta falta de mão-de-obra, sendo os brasileiros o terceiro maior contingente, antecedidos pelos chineses e coreanos. Até 2050, a população japonesa, que hoje é de 127 milhões de habitantes, terá redução de 30% e precisará de cerca de 400 mil estrangeiros por ano. Por outro lado, o país quer manter a homogeneidade étnica, com a entrada de nikkeis dekasseguis no país - por isso a importância da migração dos descendentes japoneses nascidos no Brasil.

Mais informações: luciho@usp.br, com Luci Tiho. Tese defendida sob a orientação do professor Américo Pellegrini Filho, (0**11) 3091-4122.

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