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Brasil
14/10/2007 - 13h29
Executivo e do Legislativo sob o comando do PT
Iolando Lourenço e Marcos Chagas - ABr
 
PT exercerá pela primeira vez comando do Executivo e do Legislativo

Com o afastamento por 45 dias de Renan Calheiros (PMDB-AL) da Presidência do Senado, o PT terá pela primeira vez sob o seu comando a Presidência da República e o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal). No período de afastamento de Renan, assumirá o primeiro vice-presidente, Tião Viana (PT-AC).

Mesmo que com tempo predeterminado, uma hegemonia partidária como esta, após o fim da ditadura militar, só é comparada com a do PMDB no governo de José Sarney (1985-1989), quando o partido detinha o comando do Executivo e do Legislativo.

A alternância de poder na Câmara e no Senado só foi estabelecida nove anos após o início da redemocratização do país, em 1985. Entre 1991 e fevereiro de 1993, o Senado foi comandado por Mauro Benevides (PMDB-CE) e, na Câmara, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS).

A tradição nas duas Casas é que as presidências sejam ocupadas pelos partidos de maior representatividade. No governo Sarney, a reboque o Plano Cruzado, o PMDB tinha 22 governadores, perdendo apenas em Sergipe para o PFL, 260 deputados federais e 44 dos 81 senadores o que lhe garantiu o comando político do país.

Com a Assembléia Nacional Constituinte (1987-88), o partido perdeu quadros com a debandada dos "autênticos" que fundaram o PSDB, entre eles, Mário Covas (SP), Franco Montoro (RS), José Richa (PR), Fernando Henrique Cardoso (SP) e José Serra (SP).

A partir de fevereiro de 1993, os comandos da Câmara e do Senado passaram a ser divididos por partidos diferentes na Câmara. Já no Senado, os peemedebistas só estiveram fora do cargo no período de 1997 à 2001, quando o pefelista Antônio Carlos Magalhães (BA) esteve a frente da Casa. Em 1993, o PFL que tinha uma das maiores bancadas, assumiu a Presidência da Câmara com Inocêncio Oliveira (PE). No Senado, foi eleito Humberto Lucena (PMDB-PB).

Para as legislaturas de 1995-1997, o PFL manteve a dobradinha com o PMDB tendo na Presidência da Câmara, Luis Eduardo Magalhães (BA). No Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi eleito para o cargo. Entre 1997 e 2001, a Câmara foi presidida pelo peemedebista Michel Temer (SP), por dois mandados. Já no Senado, o pefelista Antônio Carlos Magalhães (BA) esteve a frente da Casa, neste mesmo período.

O PMDB retomou o comando do Senado em 2001, quando elegeu Jader Barbalho (PA). Durante meses, o peemedebista travou uma briga com ACM que não o queria como sucessor. Já na presidência, sob acusações de corrupção feitas pelo desafeto baiano, Jader foi obrigado, em 2001, a renunciar ao cargo para não ter o mandato cassado. Para o seu lugar, foi eleito o peemedebista Ramez Tebet (MS). Na Câmara, nesta mesma legislatura, a presidência foi ocupada pelo tucano Aécio Neves (MG).

Os petistas chegaram ao maior cargo de uma das Casas legislativas em 2003, com o comando entregue ao deputado João Paulo Cunha (SP). O Senado esteve sob o comando de José Sarney. Tanto João Paulo quanto Sarney tentaram, sem sucesso, aprovar em 2004, a emenda que permitiria a reeleição para as Mesas Diretoras do Legislativo.

Com isso, Renan Calheiros elegeu-se para o comando do Senado. O PT, que detinha a maior bancada da Câmara, em 2005, perdeu a presidência para Severino Cavalcanti (PP-PE) por causa de uma disputa interna entre os deputados Luis Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG). Por causa de denúncias de corrupção, Severino renunciou ao cargo e foi substituído pelo comunista Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

O PT retomou a Presidência da Câmara neste ano, com a eleição de Arlindo Chinaglia (SP), por causa de um acordo com os peemedebistas que, pela tradição, presidiria as duas Casas por ter as maiores bancadas de deputados e senadores. Renan Calheiros, por sua vez, foi reconduzido ao cargo por se tratar de uma nova legislatura.

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