| Université de Bretagne-Sud | | | | Limosa lapponica. |
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Por esta nem os cientistas esperavam. Colocaram um rastreador por satélite numa ave praieira da espécie Limosa lapponica, (Bar-tailed Godwit) uma espécie de maçarico, com o simples objetivo de descobrir o país em que ela nidifica. Nidificar é bom lembrar, envolve o namoro, acasalamento, feitura do ninho, postura dos ovos, choco, nascimento dos filhotes até a sua independência na alimentação. E, no caso das aves migratórias, envolve também sua viagem até locais seguros e com alimentos para os seus filhotes. A ave saiu no mês de janeiro da Nova Zelândia voou 10.200 km até Yalu Jiang na China e depois deu mais uma esticadinha de 5.000 km até o delta do rio Yucón no Alaska, onde fez seu ciclo reprodutivo. Por sorte o rastreador continuou funcionando no vôo de volta que terminou na semana passada. Sete meses depois. Desta vez com os filhotes, num vôo de oito dias sem paradas, percorreu 11.500 km totalizando, ida e volta, 26.700 km. Se lembrarmos que o Equador terrestre mede 40.076 km, a avezinha deu mais de meia volta no globo. Como se vê pela foto ela não é nada aerodinâmica, em nada se comparada com um albatroz planando ou com uma andorinha na economia de energia. Tem mais ainda, diferente das aves marinhas que podem pousar na água para descansar e se alimentar, ou das andorinhas que podem se alimentar em pleno vôo, os hábitos praieiros deste tipo de ave obrigam-na a voar sem parar, sem pousar para comer ou beber. A oportunidade do registro e o feito alcançado tornaram-se dignos de constar nos Guinness Book.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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