Dentre as mudanças mais significativas do século XXI que estamos testemunhando, podemos destacar as modificações no mercado de trabalho e as expectativas lançadas sobre o papel do novo e jovem trabalhador. Vivemos uma era de transição de uma economia de produção para uma economia de serviços. O número de trabalhadores intelectuais que presta serviços vem superando, a cada momento, ao trabalho braçal de toda uma época da economia mundial. O trabalho mecânico está sendo substituído por maquinários tecnológicos e o homem está começando a se libertar do trabalho sem significação, sem inspiração e amor.

Caminhamos a passos largos para uma sociedade onde observamos o crescimento sustentado de uma camada de trabalhadores heterogêneos, na qual encontramos jovens com capacitação técnica. Para essa camada, o poder reside no SABER e no CONHECIMENTO que advêm não apenas do ensino formal, mas também das superações das dificuldades enfrentadas no cotidiano.

Os postos de trabalho, exigem que as pessoas pensem, criem, inspirem-se, emocionem-se, raciocinem, opinem, discordem, apaixonem-se, detestem. Tal trabalho não depende, necessariamente, do número de horas trabalhadas e, muito menos, do esforço físico empregado. Ele depende da inteligência (racional, emocional ou social) e da intuição, qualidades que, por mais que o homem tente, jamais conseguirá conceder a qualquer máquina. Este trabalho precisa de mentes, corações e de mãos talentosas que estão integrados em um ser humano completo e único.

As pessoas criativas e talentosas tenderão a ter papel mais expressivo e determinante no mercado de trabalho dos tempos pós-industriais. Para tanto, principalmente o jovem que hoje ingressa a esse mercado, conhecer e entender o próprio comportamento e descobrir o seu talento essencial é fundamental para uma mudança de perspectiva que possibilite um direcionamento em sua vida.

Vivemos em uma economia que é movida a talento. Ele é capaz de gerar novas e ousadas idéias que, transformadas em produtos ou serviços, geram riquezas ou promovem mudanças que podem mudar o mundo para melhor.

Investir no talento é fundamental para as empresas não se tornarem organizações estagnadas. O investimento feito em tecnologia e máquinas é necessário e muito importante; no entanto, o mais valioso dos investimentos é aquele que se aplica em profissionais talentosos.

Estes talentos podem ser de vários tipos e devemos ter a habilidade de identificar e desenvolver os mais expressivos e valorizados em cada pessoa. As histórias de sucesso profissional, em geral, são bem parecidas. Descrevem alguém que identificou algo que sabe fazer bem, cujo dom foi canalizado para sua vida profissional com grande valorização no mercado de trabalho.

Desvendar aquilo que se faz com competência e de forma diferenciada pode ser fruto de um longo processo de autoconhecimento. Cada ser humano é único e possui um talento essencial. Descobrir os próprios talentos e poder expressá-los ao mundo em que vivemos justifica a nossa existência e traz realizações pessoais (profissional, afetivo, familiar, social).

Nem sempre os jovens descobrem facilmente o seu talento essencial (principalmente sozinhos), mas jamais devem desistir de alcançá-lo.

Nota do Editor: Drª Ana Beatriz B. Silva é médica psiquiatra, escritora, professora Honoris Causa da UniFMU (SP), diretora das clínicas Medicina do Comportamento (RJ e SP). Autora de "Mentes com Medo: da compreensão à superação". Drª Mirian Pirolo é assessora literária e farmacêutica-bioquímica da clínica Medicina do Comportamento (RJ) - www.medicinadocomportamento.com.br.