Celestino Batista | |
Esta foto foi tirada no verão, mais precisamente no dia 11/02/2007, pelo Sr Celestino Batista, lá do Perequê-Mirim. Tive a paciência de contar, são 208 andorinhas. Essas são da espécie Notiochelidon cyanoleuca. São aquelas pequeninas azul e branco que nos visitam no verão. É muito comum encontrá-las pousadas aos pares nos fios de eletricidade. Ficam ali zinzilulando (este é o nome que se dá à vocalização das andorinhas) um tempão. Agora, no inverno, boa parte delas vão para lugares mais quentes e chegam em Ubatuba uma outra espécie de andorinha que é difícil vê-las pousadas. Voam e fazem acrobacias e chilreiam (como vocalizam) o dia inteiro. Elas são bem maiores, escuras e com uma faixa branca no pescoço. São as Streptoprocne zonaris. Voando, chegam a atingir 100 km/h e, como todas as andorinhas, se alimentam de insetos que são capturados em pleno vôo. Consomem, cada uma, cerca de 2.000 insetos por dia, imaginem como seria a nossa vida sem elas. Se as 208 pequeninas do verão pesam no total 2,5 kg (12 gramas cada), estas de coleira branca pesariam próximo do dobro, 5 kg e provocariam algum prejuízo na antena. O Sr Celestino pode ficar tranqüilo, por sorte estas não pousam em antenas. As Streptoprocne zonaris tem o hábito de dormir agarrada em barrancos e cavernas e é justamente por isso que se encontra ameaçada. Que não é o caso das pequeninas que dormem em fios, a cada verão temos mais fios e antenas e menos barrancos e cavernas.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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