Promotoria de Justiça do Meio Ambiente cancela fornecimento de energia a aposentados
| Divulgação | | | | Antonio Fernandes da Silva e a esposa Clarice, injuriados com a situação. |
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No último dia 10, os aposentados Antonio Fernandes da Silva, 73, e Clarice da Silva Fernandes, 70, moradores da Pedra Preta (Sertão da Quina), foram surpreendidos com o corte do fornecimento de energia elétrica em sua residência. Segundo a Elektro, a empresa apenas cumpre uma determinação da Promotoria do Meio Ambiente que, através do Instituto Florestal, diz que o casal encontra-se em área de conservação ambiental. O casal Fernandes, que mora no local há mais de quarenta anos, isto é, desde antes da criação do Parque Estadual, foi contemplado pelo Decreto Federal nº 4873/03 que instituiu o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica "Luz Para Todos". Desde a sua fundação, por volta de 1845, a área foi objeto de grandes plantações das famílias da localidade. Lá, até hoje, existem pequenas culturas como mandioca, banana, cana, feijão e principalmente árvores frutíferas. Com a impossibilidade da continuidade a agricultura, muitos moradores resistem em suas atividades tradicionais através do artesanato, principalmente as que utilizam bambu, palhas e taboas. Nas décadas de 1960 e 70 o local foi importante produtor de bananas, onde Fernandes também fornecia a fruta. Após a diminuição das atividades com a terra, muitas famílias permaneceram no local a fim de buscar maior harmonia com a natureza e sossego. "Não tenho mais roça, a idade não ajuda mais. Hoje eu só colho as frutas das árvores que plantei e que foram muitas", desabafa o morador. Já a esposa, desolada, lamenta a decisão e comenta que esperou quarenta anos para possuir um chuveiro quente e uma geladeira. "Qual foi o crime que cometi? A minha família mora aqui há tantos anos, criei meus filhos com tanto suor e hoje, no fim da vida, não posso ter energia elétrica ao menos para um banho quente", lamenta a aposentada. Moradores encontram-se revoltados com o alto grau de desconhecimento do Instituto Florestal frente ao modo de vida e ao sistema de manejo da natureza realizado há décadas pelas famílias tradicionais da localidade. Moradores se reuniram a fim de discutir o assunto já que não é a primeira vez que o Estado interfere, negativamente, na vida dos moradores da região. Na reunião levantou-se a idéia de montar um grupo de teatro para mostrar à sociedade a forma com que o Parque Estadual vem maltratando os moradores tradicionais.
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