Assim como grande parte das matérias primas utilizadas em arquitetura e decoração, o uso da madeira tem seus períodos de tendência. Nos últimos tempos, esse material estava sendo esquecido e substituído por laminados que imitam seus veios e sua textura. No entanto, ela está de volta e sendo aproveitada nos mais variados ambientes e objetos de decoração. Segundo a arquiteta Kethlen Ribas Durski, a madeira está em alta e seu uso tem sempre um potencial grande de sucesso. “Trata-se de um material versátil, que pode ser utilizado em ambientes clássicos, contemporâneos, rústicos etc.”, elenca a arquiteta. O mais importante no uso da madeira é detectar qual espécie é mais adequada para cada projeto. “Temos madeiras que podem ser utilizadas em áreas externas, como decks de Ipê, por exemplo. Há outras que não suportam umidade e que, por isso, não se adequariam a esses ambientes. Também existem aquelas consideradas muito ‘moles’, não indicadas para revestimentos de pisos”, explica Kethlen. Não há uma regra que defina quais são os tipos de madeira mais usuais em arquitetura e decoração. Tudo depende do projeto, de forma geral, e da proposta do espaço. Atualmente, os profissionais contam com uma variedade muito vasta para cada situação. “Uma qualidade que está bem em alta é a madeira Teca, de reflorestamento. Tenho utilizado com muita freqüência em meus projetos”, conta ela. De acordo com Kethlen, a madeira é um material sem restrições, desde que bem utilizada. Ela acredita que não há projetos nos quais seu uso não seja indicado. “Tenho utilizado madeira em 100% dos cômodos, desde salas e quartos, até mesmo em cozinhas e banheiros. Mas, claro, nunca esquecendo de que existem tipos adequados de madeira para cada situação”. Kethlen conta que no Brasil ainda não existe a cultura de utilizar madeira em projetos de banheiros, porque a madeira, em geral, não aceita áreas úmidas e excesso de água. No entanto, ela pode, sim, ser utilizada nestes cômodos, desde que em áreas não tão expostas a muita umidade. “Em geral, a madeira não traz nenhuma dificuldade especial para quem vai usufruir do projeto. Como a maioria dos revestimentos, ela exige apenas uma manutenção eventual, seja com cera ou verniz”. De acordo com a profissional, entre as principais vantagens do uso da madeira está o fato de que nenhum outro material traz tão bem a sensação de conforto e é tão acolhedor. Outra vantagem da madeira é sua fácil adaptação ao estilo de cada ambiente, em virtude da sua neutralidade. Mercado e meio ambiente No Brasil, a utilização da madeira maciça em revestimentos não é muito difundida, por isso não é tão fácil encontrar esta opção a venda. Existem alguns fornecedores, mas não uma forte concorrência no mercado interno. O Brasil exporta a maior parte da sua madeira para países onde o seu aproveitamento é bem maior em arquitetura e decoração. Uma das grandes questões em relação ao uso da madeira é se, de alguma forma, esse consumo vai de encontro aos projetos focados em responsabilidade ambiental. Kethlen explica que isso não acontece: “A madeira deve ter o selo verde FSC – Forest Stewardship Council, um tipo de ISO 9000 das madeireiras – e não precisa ser proveniente de ações de desmatamento como as que vemos na televisão, na Amazônia por exemplo. A madeira que utilizo em meus projetos é fruto de manejo florestal, prática que contribui para a preservação da floresta e não para o seu fim. Portanto, não há nenhuma razão para que não se utilize madeira nos projetos”, explica. Nesse sentido, a arquiteta dá uma dica, já que, infelizmente, ainda existem profissionais despreocupados com responsabilidade social e ambiental: “É papel do bom arquiteto, ao consumir a madeira, se certificar se o fornecedor da matéria prima atua de forma responsável, preservando o meio ambiente e praticando o manejo florestal”.
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