Os presídios brasileiros são enormes bolsões de doenças infectocontagiosas e o avanço da tuberculose preocupa a Coordenadoria Técnica da Saúde no Sistema Penitenciário do Ministério da Saúde (MS). E mais: as doenças não ficam restritas aos muros dos estabelecimentos penais, sendo levadas à sociedade pelos servidores penitenciários e a partir das visitas íntimas. A denúncia é da coordenadora técnica da Saúde no Sistema Penitenciário do Ministério da Saúde, Maria Cristina Fernandes. “Os presídios são grandes focos de doenças”. Segundo Cristina Fernandes, as principais doenças verificadas nos presídios do país são a tuberculose, as doenças sexualmente transmissíveis (DST), hepatites e dermatoses. “A sociedade tem uma idéia de que a doença está reclusa. As pessoas estão confinadas, a doença não”, diz. As doenças infectocontagiosas, segundo a coordenadora, saem dos presídios pelo contingente de cerca de 200 mil servidores prisionais, que têm contato direto com a população carcerária. “São funcionários que passam oito horas no serviço e voltam à sua comunidade. Além disso, temos as visitas íntimas”, alerta. Dentre as doenças, a tuberculose é a que mais preocupa o ministério pela sua incidência. O ministério, porém, não tem ainda fechado o número de casos de tuberculose e de outras doenças no sistema penitenciário nacional. “Várias doenças preocupam, mas a questão da tuberculose é séria em todo o Brasil. Nos presídios que temos equipes de saúde atuando, observamos uma prevalência alta, bem maior do que na população livre”, diz Cristina Fernandes. De acordo com a coordenadora, não há como falar em controle da tuberculose na sociedade em geral se nada for feito nos presídios. E relata a dificuldade de se tratar um interno com a doença. “O paciente é tratado e depois retorna à cela, dividindo o mesmo espaço com diversos outros presos, usando apenas uma máscara de proteção. Não separam o doente”. Segundo Cristina Fernandes, o grande desafio das equipes de saúde que atuam nos presídios é fazer os exames médicos quando da entrada de novos detentos. Ou, ainda, quando o preso vem de uma outra unidade prisional, que ele leve seu prontuário médico para que possa ser dado continuidade ao tratamento. “É muito grande a mobilidade de presos no sistema penal, como também de doenças”. Segundo o diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Maurício Kuehne, a situação da saúde tanto nos presídios masculinos como nos femininos apresenta “alguma gravidade”. “São várias doenças, mas não chega a ser um número alarmante e nem é uma situação extremamente preocupante. É certo que temos de nos preocupar, pois pode se alastrar. Mas cada estado está cuidando convenientemente do problema”.
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