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Comportamento
01/07/2007 - 11h43
A identidade de travestis de baixa renda
Mariana De Felice
 

Agência USP de Notícias - A identidade de travestis de baixa renda é construída de maneira fragmentada, semelhante a uma "colcha de retalhos", já que existe a incorporação de várias identidades, simultaneamente. De acordo com o psicólogo Marcos Roberto Vieira Garcia não se pode definir um único lugar social ocupado por esse grupo. Durante 4 anos, Garcia acompanhou reuniões semanais de travestis em uma instituição pública. O trabalho permitiu que o psicólogo viesse então a estudar a formação da identidade entre travestis de baixa renda.

A idéia inicial, segundo Garcia, era estudar a identidade dos travestis com base nos trabalhos realizados nessa instituição. "No entanto, percebi que não se pode falar em uma identidade única para esse grupo". Por isso, ele decidiu dividir sua análise em quatro eixos principais para assim definir o lugar social que os travestis ocupam em cada um deles: gênero, corpo, trabalho e violência. Os resultados das observações do psicólogo estão na tese de doutorado “Dragões: gênero, corpo, trabalho e violência na formação da identidade entre travestis de baixa renda”, apresentada recentemente no Instituto de Psicologia (IP) da USP.

"A travesti de baixa renda desafia nosso sistema de gêneros, já que não tem a pretensão de ser mulher e não se considera homem". Garcia afirma que, justamente por serem figuras ambíguas, as travestis chocam e não são aceitas socialmente. Nesse eixo, ocupam diversos lugares sociais, segundo o pesquisador. Ele diz que a primeira figura que elas incorporam, já na infância, é a do menino afeminado, ridicularizado socialmente. Mais tarde, incorporam a figura de uma mulher feminina e submissa a seus parceiros, sustentando-os financeiramente e, muitas vezes, submetendo-se a violência e maus tratos.

O eixo "corpo" relaciona-se intimamente com o "gênero", já que os travestis misturam os gêneros no corpo, por meio das vestimentas e da manipulação do físico. Garcia conta que os travestis utilizam extensamente hormônios e que existem indústrias caseiras de aplicação de silicone. "A extrema manipulação do corpo é uma característica da pós-modernidade". Segundo ele, a incorporação por travestis de baixa renda das identidades de uma mulher supersedutora e hiper-sexualizada também são representações da mulher no século XX.

O pesquisador observou, no eixo trabalho, que a prostituição é a profissão adotada pela maioria dos travestis de baixa renda, já que é uma fonte de dinheiro rápido e fácil. "Pela própria história de vida, eles acabam indo para a prostituição muito cedo. Eles normalmente possuem baixa escolaridade, porque existe o abandono precoce da escola, devido ao preconceito que sofrem desde a infância por possuírem características afeminadas. Além disso, normalmente abandonam o lar muito cedo porque existe a violência familiar para puni-los". Garcia conta que as profissões que os travestis procuram para abandonar a prostituição são: comerciantes de roupas para travestis, cabeleireiros, donos de pensão para travestis e "bombadeiras" (aplicam silicone).

Em relação ao eixo violência, o psicólogo observou um ciclo. "A prostituição de travestis de baixa renda freqüentemente é acompanhada pelo uso de drogas e pela exploração do cliente. Assim, os travestis incorporam, simultaneamente, a identidade da ’puta’ e a do ’malandro’ gerando ainda mais violência". Há ainda uma relação ambígua com os policiais, já que alguns os humilham e outros defendem o grupo da violência de clientes.

Após o estudo desses quatro eixos Garcia observou que os travestis de baixa renda não incorporam, necessariamente, as identidades modernas, como a da mulher emancipada. "A identidade de travestis é uma colcha de retalhos, já que no universo masculino ocupam o lugar social do ’gay’, do ’malandro’ e do ’bandido’; no universo feminino a identidade é formada a partir da mulher submissa nas relações amorosas, da ’puta’ e da mulher super-sedutora".

Mais informações: (0**11) 3661-3735 com Marcos Roberto Vieira Garcia; e-mail mrgarcia@usp.br. Pesquisa orientada pela professora Yvette Piha Lehman.

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