| Dario Chiaverini | | | | Procnias nudicollis. |
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Impossível não associar as cores das penas desta fêmea de araponga com os cabelos da apresentadora. Alguém copiou alguém. Gosto dos nomes tupi-guarani dados às nossas aves, no caso da araponga é a junção de ara – tempo, ocasião, dia + ponga – barulho. Nada mais correto que o nome “barulho do dia” para a araponga. O som da sua voz atravessa a mata e nos engana quanto a distância em que se encontra. É tão forte que muitas vezes ficamos procurando por perto e, na realidade, ela está muito longe dali. A voz da araponga é um bom exemplo sobre o porque de não chamarmos todas as vocalizações das aves como “cantos”. Podemos falar que a araponga bigornea, grita, martela, retine, mas não podemos chamar aquele som metálico de “canto”. Por isso usamos falar vocalização para os sons das aves. Avistar uma araponga é muito mais pela oportunidade, quando se apresenta, do que sair atrás do canto dela como acontece com a maioria das outras aves. O nome em inglês, Bellbird (ave sino), não corresponde à realidade tão bem como o nome em tupi, já o nome científico, Procnias nudicollis, vai por outra característica que podemos notar pelo peito e cabeça pelada. A presença da araponga em um ambiente indica a integridade do lugar e, a certeza da presença de uma quantidade muito maior de espécies. Ouvir uma araponga é sinal de que o lugar onde estamos tem a presença de várias outras espécies de aves. Interessante que é impossível falar da Ana Maria Braga e não lembrar do louro José, das boas dicas sobre culinária e aquela risada cacarejada da apresentadora. A araponga é do mesmo jeito, sempre quando vemos temos que afinar a atenção, pois com certeza tem muito mais para a gente avistar. Esta foi fotografada do pátio da escola do Ubatumirim, o pé de juçara estava lotado de frutas e o Dario Chiaverini pode clicar com calma. Os pés de juçara quando estão lotados de frutas são visitados por tucanos e jacus, quando vão raleando são as aves mais leves, como os sabiás e as arapongas que vão se deliciar e no finalzinho das frutas são os periquitos que fazem a festa. Se você quer fotografar um tucano não adianta ficar esperando num pé de juçara com poucos frutos, vai perder tempo.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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