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COLUNISTA
Carlos Rizzo
11/05/2007 - 08h14
Não fosse uma ave seria Ana Maria Braga
 
 
 
Dario Chiaverini 
  Procnias nudicollis.

Impossível não associar as cores das penas desta fêmea de araponga com os cabelos da apresentadora. Alguém copiou alguém.

Gosto dos nomes tupi-guarani dados às nossas aves, no caso da araponga é a junção de ara – tempo, ocasião, dia + ponga – barulho. Nada mais correto que o nome “barulho do dia” para a araponga. O som da sua voz atravessa a mata e nos engana quanto a distância em que se encontra. É tão forte que muitas vezes ficamos procurando por perto e, na realidade, ela está muito longe dali. A voz da araponga é um bom exemplo sobre o porque de não chamarmos todas as vocalizações das aves como “cantos”. Podemos falar que a araponga bigornea, grita, martela, retine, mas não podemos chamar aquele som metálico de “canto”. Por isso usamos falar vocalização para os sons das aves.

Avistar uma araponga é muito mais pela oportunidade, quando se apresenta, do que sair atrás do canto dela como acontece com a maioria das outras aves.

O nome em inglês, Bellbird (ave sino), não corresponde à realidade tão bem como o nome em tupi, já o nome científico, Procnias nudicollis, vai por outra característica que podemos notar pelo peito e cabeça pelada.

A presença da araponga em um ambiente indica a integridade do lugar e, a certeza da presença de uma quantidade muito maior de espécies. Ouvir uma araponga é sinal de que o lugar onde estamos tem a presença de várias outras espécies de aves.

Interessante que é impossível falar da Ana Maria Braga e não lembrar do louro José, das boas dicas sobre culinária e aquela risada cacarejada da apresentadora.

A araponga é do mesmo jeito, sempre quando vemos temos que afinar a atenção, pois com certeza tem muito mais para a gente avistar.

Esta foi fotografada do pátio da escola do Ubatumirim, o pé de juçara estava lotado de frutas e o Dario Chiaverini pode clicar com calma.

Os pés de juçara quando estão lotados de frutas são visitados por tucanos e jacus, quando vão raleando são as aves mais leves, como os sabiás e as arapongas que vão se deliciar e no finalzinho das frutas são os periquitos que fazem a festa. Se você quer fotografar um tucano não adianta ficar esperando num pé de juçara com poucos frutos, vai perder tempo.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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