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Comportamento
13/05/2007 - 13h04
Seqüestro desperta amor de filho pela mãe
Anand Rao
 

Tenho mais de 40 anos, e recentemente, minha mãe em defesa da filha seguiu os passos determinados por um pseudo-seqüestrador que ligou no seu celular. Escrevo este artigo com o objetivo de alertar a todos sobre o amor materno e de filho, escrevo em homenagem ao Dia das Mães.

O fato ocorreu em Brasília (DF) e eu estava em Salvador (BA) a trabalho. Minha irmã me ligou e disse que mamãe saíra de casa cedo, deixando os telefones residenciais fora do gancho, seguindo as orientações de um seqüestrador que a havia seqüestrado. Ligava ela insistentemente para o celular da nossa mãe e não conseguia contato e resolveu me informar para ver que providências tomaríamos.

Faço uma pausa para revelar que há 20 anos tive um tumor maligno, e Deus, meus pais, minha família e um médico cancerologista me curaram. Outros episódios pouco comuns têm contagiado minha vida mas, sempre Deus me mostra caminhos para resolvê-los, e informo, não sigo religião alguma e gosto sim de sentar num templo vazio e conversar com meu senhor. Revelo também, que fui um grande parceiro e amigo do meu pai, tendo herdado seu templo, sua residência, e fazendo desta um local de homenagens a ele, que num futuro próximo, sediará uma fundação com seu nome que lutará pelo desenvolvimento das geociências.

Voltando à história, lembro-me de estar no quarto e tentava em vão falar no celular com minha mãe. Fui até a janela, fixei os olhos no horizonte do mar, orei profundamente e senti o brilho do olhar de meu pai e o signo de Deus pelo ar. Disquei com convicção os números do seu celular e ela, por um milagre, um toque divino, o amor vivo de meu pai, atendeu. Disse pausadamente, para não deixá-la nervosa que sua filha estava em casa e ela indagou, ela está bem? E eu disse que sim e ela respondeu calmamente - tudo bem - e desligou.

Informei à minha irmã que havia falado com nossa mãe e ela ficou mais calma. Mas, a informação dada por mim não surtiu efeito, pois minha mãe continuou a seguir a orientação dos seqüestradores. Mais tarde ela iria revelar que havia continuado a obedecê-los pois, eu estava viajando e como ia saber que minha irmã estaria bem. Eu, o filho distante, que pouco liga para ela, como ia saber. Por um milagre, quando já estava hospedada num hotel para pagar o resgate, ela ligou para casa, falando de viva voz com minha irmã e tudo terminou bem.

Sempre fui um filho distante. Escritor, músico e jornalista, tenho como ofício a redação e a composição e isso geralmente é feito de forma solitária. Pouco telefono para minha mãe para saber como está, se precisa de algo, ou para saber apenas como foi o seu dia e como está se sentindo. E creiam, descobri neste fato pitoresco, o quanto amo minha mãe. Depois que ela retornou para casa e o seqüestro terminou, comecei a tremer, imaginando que se minha mãe tivesse encontrado com os seqüestradores ou seus comparsas poderia perdê-la para sempre, e isto me deixou absolutamente tenso, a ponto de ir parar num hospital para relaxar mediante medicação.

Os pais são nossos parceiros. A família, principalmente a de primeiro grau, é o fundamento da fortaleza, da defesa, da magia de viver. É nossa aldeia, onde podemos falar e ouvir verdades, discordar e concordar mas, sempre teremos ali, o apoio incomensurável para nossos dias. Eu, com meu ofício de poeta, músico e jornalista, sempre estou presente na família com palavras e canções e sempre estou ausente nas horas do dia a dia, ou por telefone, e isso não vai mais acontecer. Sempre pensei que minha mãe era distante de mim e descobri no seqüestro que não posso me deixar seqüestrar pelas minhas idéias, tenho sim, que resgatar minha relação com minha mãe, mesmo que tardiamente, e este resgate é urgente. Tem que ser deste momento em diante, deste minuto, segundo, pra frente, pois, nossos passos estão cada vez mais sóbrios e os cabelos cada vez mais brancos. Resolvi tomar atitude da forma mais simples e ao chegar de Salvador, fui à sua casa para dizer que a amava. Agora, quero as bênçãos da minha mãe diariamente, como quero falar sobre minha vida, anseios, tensões e magias. Sinto quando falo com ela o quanto sua voz é doce, o quanto é a voz de Amsterdam que embalou seus filhos pequeninos, eu de casaco azul e minha mana de vermelho, nós, as majestades, os nenéns. Sua voz, como a de todas as mães, é carinhosa e afetuosa e soará nos meus dias daqui pra frente. Não se calará, mesmo que distante, em silêncio, e ninará meus passos em berço de ouro. Quero maior convivência das minhas filhas com ela, e quero também, enviar músicas, poesias, artefatos e artifícios para que ela saiba e conheça quem eu sou, o artista, o jornalista, o poeta e com certeza ela se emocionará comigo como sou e com minha irmã como é.

Por isso escrevo este artigo. Se você leitor amigo é distante de sua mãe, crê que ela não gosta de você, que pende mais a um irmão, mude. A hora de mudar é agora. Tenho 20 livros publicados e 04 CDs lançados mas, sinto que nada disso supriria a dor que sentiria com a ausência de minha mãe, seria uma dor infinita no meu coração já desiludido e decepcionado com tantas atitudes pífias da sociedade. Não... O tempo que me resta será um tempo de transformação, convivência e magia com ela, compreendendo-a e trazendo-a para meu mundo que é um mundo musical, onde os poetas reinam e o sentimento é a base de tudo.

Senhor Seqüestrador, muito obrigado por me abrir os olhos com sua atitude indigna. Me deste dignidade e maturidade. Floresceste o meu amor por ela, um amor que é um cristal nas águas e uma rosa iluminada por nossa luz. Nossa convivência nunca mais cessará e será norteada das lágrimas da união, dos parâmetros justos da razão e do caráter infinito da relação. Seremos, eu e ela, um ímã ao tempo e o tempo que passou dorme nos anais do passado pois, o que está por vir, é norteado de amor e emoção.


Nota do Editor: Anand Rao (anandrao@terra.com.br) é jornalista, músico e poeta.

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