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COLUNISTA
Carlos Rizzo
16/04/2007 - 08h00
O maior trepador em Ubatuba
 
 
 
CAR 
  Xiphocolaptes albicolis.

Temos quatro espécies diferentes, todos trepadores, passam o dia inteiro trepando, em tamanho o da foto é o maior. O nome comum é arapaçu, que vem do tupi-guarani (arapassó) e quer dizer pica-pau. Muita gente confunde com um pica-pau, mas não tem nada a ver. Eram chamados de trepadores e a deturpação do termo fez cair em desuso.

Quando, logo pela manhã, sujeira e pequenos galhos começam insistentemente a cair de alguma árvore é só procurar que deve ser um deles revirando tudo à procura do seu desjejum. Alimentam-se de insetos e lagartas escondidos debaixo de folhas secas e partes podres dos troncos. Boa parte dos pica-paus tem o nome científico começado por Colaptes (do grego, bicador) e alguns arapaçus são chamado Dendrocolaptes (dendro é árvore, significando bicador de árvores) este da foto, por conta do tamanho do bico, é do gênero Xiphocolaptes (xipho é espada) e da espécie, Xiphocolaptes albicolis, que quer dizer, bicador-espada-de-garganta (colis) - branca (albi).

Esta espécie impressiona pelo tamanho e as penas do seu corpo, elas são extremamente macias, proporcionando um vôo totalmente silencioso. Não se ouve nada durante o vôo, eles se jogam contra as árvores grudando nos troncos com a maior facilidade. Não fosse pela sujeirada que derrubam revirando o tronco da árvore, seria muito difícil de visualizá-los.

Outro detalhe que diferencia as espécies é a maneira de escalar o tronco da árvore, tem aqueles que sobem numa reta e aqueles que sobem numa espiral no entorno do tronco, todos eles usam as penas do rabo (que são muito mais duras) como ponto de apoio na escalada.

Observar tem dessas coisas, aos poucos vamos aprendendo a traduzir a mata e entendendo o que vai acontecendo durante o dia. Nada é por acaso e na maioria das vezes sempre tem uma ave fazendo das suas.

Pode até parecer impossível, mas a foto que ilustra este artigo é de minha autoria, foi acidental, confesso, mas fui eu quem clicou, com tele, no braço e sem tripé. Acidentes acontecem.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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