Polícia Federal prende no Rio e na Bahia 24 acusados de corrupção
A Polícia Federal (PF) prendeu ontem (13) de manhã 23 pessoas no Rio de Janeiro e uma na Bahia durante a Operação Hurricane (furacão, em inglês). Segundo o diretor de Inteligência da Polícia Federal, Renato Porciúncula, trata-se de uma das maiores operações de combate à corrupção já realizadas no país, por causa do nível das pessoas envolvidas. Como alguns dos investigados têm foro privilegiado, foi necessária uma autorização especial do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os detidos estão três desembargadores - um deles é o ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal do Rio, José Eduardo Carreira Alvim -, o procurador regional da República João Sérgio Leal Pereira, um agente, um servidor e dois delegados da Polícia Federal, além de empresários e advogados. Em entrevista coletiva, Porciúncula disse que, pelos dados que foram colhidos até agora, pode-se deduzir que esta é uma das maiores operações de combate à corrupção já realizadas no Brasil. "Essa é uma organização criminosa que, pelo menos no nível das pessoas que foram detidas, achava-se acima de qualquer possibilidade de vir um dia a encontrar os trâmites legais correspondentes", afirmou. A organização, acrescentou Porciúncula, montou uma rede de corrupção e de tráfico de influência para que pudesse desenvolver sua atividade criminosa tranqüilamente. De acordo com o superintendente regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Delci Teixeira, que também participou da entrevista coletiva, na casa dos acusados foi encontrada grande quantidade de dinheiro (em espécie), além de diversos automóveis de luxo. Teixeira não quis quantificar os valores apreendidos, limitando-se a dizer que o volume era tão grande que foi necessário requisitar carros fortes para realizar o transporte até a Superintendência da PF. Segundo ele, o dinheiro apreendido será depositado em uma agência da Caixa Econômica Federal. Sem dar maiores detalhes sobre a forma de atuação do grupo, Teixeira afirmou apenas que os delegados envolvidos recebiam para reprimir somente a atividade de determinados grupos ligados aos jogos ilegais em detrimentos de outros. O superintende da PF informou que a Operação Hurricane contou com o reforço de 360 agentes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ao todo, foram expedidos 25 mandados de prisão e 70 de busca e apreensão. Todos as pessoas detidas estão sendo encaminhadas para a sede da Superintendência da PF, no Rio, e devem ser transferidas para Brasília, onde serão interrogadas. Eles cumprem prisão temporária de cinco dias, que pode ser renovadas por mais cinco. De acordo com a Polícia, as investigações que levaram à Operação Hurricane, deflagrada simultaneamente no Rio, em São Paulo, Bahia e Distrito Federal, começaram há um ano, com base em suspeitas de contrabando de componentes eletrônicos para as máquinas de caça-níqueis.
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