| Claudia Komesu | | | | Lophornis chabylea. |
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Há umas duas semanas atrás, o Fantástico abordou o tema dos beija-flores no quadro “É o bicho” e novamente, como não poderia deixar de ser, falou-se sobre o oferecimento de água açucarada para os nossos amiguinhos. Da maneira como foi editada e foi para o ar pareceu que o ornitólogo entrevistado condenava o uso das garrafinhas como suplemento alimentar. Deu a maior confusão na comunidade dos ornitófilos, mas desta vez toda a gritaria foi produtiva e todo mundo saiu a procura de algum trabalho científico que desse base para este tipo de afirmação. A questão é que não existe nenhum trabalho científico que tenha estudado e venha comprovar qualquer prejuízo no oferecimento de água açucarada aos beija-flores. O único estudo científico foi escrito por Augusto Ruschi e publicado no boletim nº 50 de janeiro de 1967 do Museu de Biologia Mello Leitão (ES) e refere-se ao estudo da alimentação dos beija-flores em cativeiro. Neste boletim o mel é 100% condenado e o açúcar de cana é aceitável quando respeitada a recomendação de troca diária da água e a limpeza e higienização das garrafinhas. Desde de lá não existe mais nenhum estudo sobre o assunto e note-se que o estudo é sobre beija-flores em cativeiro. Com relação às aves livres na natureza, como conhecemos e como queremos ver acontecendo, não existe qualquer estudo sobre o assunto o que só reforça que, diante do desconhecimento, o mínimo que podemos fazer é oferecer a água e cuidar da higienização dos recipientes utilizados. Nesta discussão temos um agravante que é o interesse comercial dos fabricantes de “néctar para beija-flores” a eles e, só a eles pode interessar a continuidade da falsa informação sobre a mortandade dos beija-flores. À nós, cabe oferecer a água em local sombreado e seguro de predadores e observar que, a despeito dos boatos, os fregueses da água açucarada aumentam a cada dia que passa.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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