Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) embarcou ontem para o Gabão com 504 mil cápsulas de um medicamento antiretroviral, usado no tratamento da aids. A remessa aconteceu seis dias antes dias da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país africano. "Foi uma coincidência fortuita. Outros países como Honduras, Guatemala e El Salvador também receberão esses remédios nos próximos dias", disse Mariângela Galvão Simão, assessora de Cooperação Externa do Programa Nacional de DST/Aids. "É uma doação pontual, que ainda não faz parte de um projeto oficial de cooperação técnica", explicou. De acordo com Mariângela, o medicamento doado - indinavir - é fabricado no Brasil e representa o que sobrou no estoque de remédios usados no tratamento dos brasileiros portadores do vírus HIV. No grupo de países africanos de língua francesa, do qual faz parte o Gabão, o país também mantêm laços de parceria apenas com Burkina Faso. A prioridade tem sido dada para os países africanos cuja língua oficial é o português. Um primeiro projeto de parceria - apoiado com recursos da Unaids - terminou no início deste ano e deve ser retomado nos próximos meses. Alguns detalhes devem ser acertados na segunda-feira (26), durante a reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé e Príncipe, com a participação do presidente Lula. No ano passado, o Brasil lançou o Programa de Cooperação Internacional para Outros Países em Desenvolvimento. O mais novo beneficiado por esse projeto é São Tomé e Príncipe. O tratamento de 100% dos portadores do vírus HIV nesse país - 70 pessoas - será feito por meio do programa, que prevê o envio de genéricos dos medicamentos antiretrovirais, produzidos em laboratório do Ministério da Saúde. O investimento na parceria com São Tome e Príncipe está calculado em US$ 80 mil. "Com o medicamento disponível, as pessoas começam acreditar no tratamento e mais casos devem ser diagnosticados", prevê Mariângela. Segundo ela, já participam do Programa de Cooperação Internacional para Outros Países em Desenvolvimento, Moçambique, Bolívia, Paraguai, Colômbia, Republica Dominicana e El Salvador. A parceria com Cabo Verde e Angola está em negociação. Além do envio de remédio para o tratamento de até 400 pacientes, o programa prevê o treinamento de profissionais (no próprio país e no Brasil) e o incentivo ao trabalho das organizações não-governamentais. No caso do Timor Leste, um novo modelo de parceria será colocado em prática a partir de outubro. Lá, o Programa Nacional de DST/Aids vai atuar com um médica e duas irmãs da Igreja Católica.
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