Atualmente tem sido cada vez mais comum as revelações de artistas assumindo publicamente sua sexualidade.

Cantores, atores, atrizes, escritores, seja espontaneamente ou porque seus envolvimentos com pessoas do mesmo sexo foram expostos pelos veículos de comunicação, têm discutido livremente sua homossexualidade sem o medo e pudor de outrora.

Até então, porém, nenhum ídolo de jovens e crianças havia aberto ao público que é homossexual.

Após a declaração de Christian Chavez, integrante do grupo mexicano Rebeldes (RBD) que faz um enorme sucesso entre crianças e adolescentes da América Latina, especialmente o Brasil, muitas mães e pais questionaram-se sobre a real influência de um ídolo no comportamento de uma criança.

Alguns preferiram proibir seus filhos de assistirem ou ouvirem a banda, outros simplesmente não trouxeram o problema à tona por não saberem como abordar o assunto.

Pecam ambos. Por excesso de zelo e por escassez de informação.

Segundo Nina Lopes, Editora da revista Sobre Elas, voltada para homossexuais femininos, a sociedade carece de dados concretos sobre a homossexualidade. "Homossexualidade não é doença, portanto, não é transmissível. Não existe a menor possibilidade de alguém ser "transformado" em homossexual. A homossexualidade é inerente ao indivíduo. Nenhum elemento externo "provoca" a homossexualidade, mas sim desperta para o desejo que sempre existiu".

Desde 1973 a American Psychiatric Association, seguida pela American Psychological Association, deixou de considerar a homossexualidade doença ou desvio de conduta.

Qualquer profissional que tentar "curar" a homossexualidade deve ser denunciado aos órgãos responsáveis.

Se não é doença, é opção?

Opção, condição, orientação? Qual o termo que melhor se aplica à homossexualidade?

Para Nina, todo homossexual já nasce assim. "É errado dizer ‘opção’ sexual, além de preconceituoso, pois isto dá margem a pensar que, já que eu ‘optei’ por ser homossexual posso ‘optar’ por deixar de sê-lo. A única coisa pela qual eu optaria, se fosse possível, seria por um mundo sem preconceito. O termo correto é ‘orientação’ pois o meu desejo sexual é orientado para uma pessoa do mesmo sexo que o meu" conclui a editora.

"Nenhum cientista soube, até hoje, identificar de onde vem a homossexualidade. Para os estudiosos, assim como não é possível determinar por que um indivíduo é heterossexual, o mesmo vale para os homossexuais portanto, o termo ‘condição’ também não tem fundamento."

Se já é um assunto complicado para adultos, como abordá-lo com crianças?

Para a psicóloga Vanessa Gazetta, é errado proibir a criança de assistir ao grupo ou ignorar o assunto dentro de casa. "A criança terá acesso à informação na escola, com os amiguinhos, muitas vezes de maneira errada. O correto é pedir para a criança perguntar a dúvida dela ou questionar se a criança soube algo que não entendeu."

"As melhores pessoas para explicarem este tipo de assunto são os pais. A professora pode falar de maneira abrangente, para a classe toda, mas os detalhes omitidos podem gerar fantasia na cabeça da criança" afirma a psicóloga.

De acordo com Vanessa, a criança pode vir a imitar o ídolo homossexual, mas esta fase não duraria muito tempo, visto que a homossexualidade é uma característica que não se copia. "A criança pode até imitar o ídolo mas isso duraria o tempo suficiente para ela descobrir que não tem nada a ver com ela."

Peguei meu filho beijando um amiguinho do mesmo sexo, o que faço?

"O ideal é não reagir de maneira agressiva. Não gritar, não bater e não esbravejar pois isso poderá gerar um trauma que faria com a que a criança não tocasse mais no assunto, nem com os pais nem com outros adultos. Pergunte o que ela estava fazendo e o por que e explique do que se trata" instrui Vanessa.

"Mostre para a criança que não há nada de errado em ser homossexual. Dizer que homossexualidade é um problema fará com que a criança que realmente for homossexual se sinta rejeitada desde muito cedo pelos pais"

Mitos e verdades sobre a homossexualidade

Perguntamos à Nina Lopes algumas questões que permeiam o inconsciente coletivo sobre a homossexualidade:

Todo homossexual quer mudar de sexo?
Homossexuais sentem-se perfeitamente identificados com os seus sexos biológicos, diferente dos transexuais, que não tem identificação com o próprio corpo. É como se eles estivem "presos" em um corpo que não lhes pertence. Homossexualidade e transexualidade são completamente diferentes.

Todo homossexual é promíscuo?
A promiscuidade se aplica ao ser humano, independente da sua sexualidade. Muitos homossexuais vivem relações estáveis e de respeito, como qualquer heterossexual.

Homossexuais se vestem e tem trejeitos do sexo oposto ao seu?
Assim como entre os heterossexuais existem diversas "tribos", dentro do universo gay também há uma grande diversidade neste sentido. Alguns podem ter trejeitos, vestirem-se de maneira que os identifique mais com o sexo oposto mas isto não é uma regra, é uma questão de gosto e estilo.

Homossexuais podem constituir uma família?
O importante para a criança é que ela seja criada em um ambiente saudável e pleno de respeito e amor. Ninguém pode afirmar que apenas por serem heterossexuais, todas as pessoas seriam ótimos pais.

Homossexuais são pedófilos?
Já foi comprovado através de estudos que a maioria dos pedófilos confessos são heterossexuais. Este tipo de desvio não tem a ver com a orientação do indivíduo.

Ser homossexual é pecado?
Cada religião tem sua visão particular sobre a homossexualidade. Se pegarmos a afirmação de que homossexualidade é o amor entre duas pessoas do mesmo sexo, a dividirmos e subtrairmos algumas palavras, teremos: homossexualidade é o amor entre duas pessoas. Ponto final.