Mais uma vez, nós pobres cidadãos somos informados que os nossos representantes em Brasília já vão ganhar mais 26% de aumento nos seus polpudos salários, sem nem terem completado o terceiro mês de mandato. Fatos vergonhosos como este já não nos causam mais surpresa, pois mudam-se os nomes, mas a corja é a mesma. A culpa é sempre nossa - e a conta também. Nossos políticos não têm passado e nem vergonha, não têm memória e nem conhecimento do país em que vivem. Só conhecem a realidade no momento das campanhas eleitorais quando, instruídos por marqueteiros de plantão, posam junto a favelados e crianças subnutridas prometendo aos incautos que irão mudar essa realidade até então desconhecida e que, em breve, esquecerão, logo após as eleições, não esperando nem o dia da posse. Suas preocupações passarão a serem outras, como o melhor gabinete, o apartamento cedido pelo Estado e a contratação de dezenas de cupinchas que irão cotidianamente lhes beijar a mão em agradecimento à boquinha. Outra grande preocupação, na maioria das vezes, será quanto estes cupinchas lhes devolverão dos seus salários, a título de comissionamento. A preocupação seguinte, como sempre, será a composição das alianças, sempre buscando obviamente aquela que lhes trará o maior ganho financeiro possível e a exposição pública que provavelmente lhe garantirá um segundo mandato e, conseqüentemente, uma aposentadoria integral após este período. E o que nós, míseros eleitores, podemos fazer? Curvarmos-nos como súditos diante desta nova realeza, ou ficamos impassíveis diante de tanto descalabro? Já não é mais tempo de pegarmos em armas (quase nos tiraram as poucas que tínhamos em um plebiscito), já tentaram calar a imprensa, já processaram alguns que emitiram suas opiniões ou denunciaram esta realidade. O que fazer então? Infelizmente não sei. Por outro lado, se um dia for me candidatar a qualquer emprego público irão exigir diplomas e atestados de bons antecedentes, além de ser submetida a várias provas para atestar a minha capacidade. Penso, portanto, que se esses mesmo requisitos fossem exigidos dos candidatos a cargos eletivos, provavelmente, poucos que estão aí poderiam assumir cargos tão importantes. Só quero ver como ficará o reajuste dos aposentados no próximo dia 1 de maio. Um aumento de 26% seria muito bem-vindo para esta classe tão espoliada e carente. Quero ver o que os nossos nobres políticos irão fazer quanto a esta questão. Nota do Editor: Sylvia Romano (sylviaromano@uol.com.br) é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo.
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