Na atividade jornalística, que comecei na década de 60, o turismo era a meta, tanto que entrei na área para melhor compreendê-la e estudá-la e sendo filho de publicitário, da então agência Eureka de Publicidade, pus-me a campo. Ledo engano, que eu ia convencer qualquer empresário que não estivesse ligado diretamente ao tripé do turismo, ou seja: o agente de viagem, o transportador e a hotelaria. Tudo mais não pertencia ao mundo nem empresarial, quanto menos ao mundo da propaganda. Num pequeno roteiro, vejamos como o engano é fatal e quanto tem para crescer a propaganda e quanto se pode aplicar em publicidade juntando o turismo com consumo em geral. Cartão de crédito cabe numa viagem? Máquina fotográfica faz parte da atividade turística? Filmadora faz parte do seu roteiro? Ao chegar ao destino, qual é a primeira coisa a ser feita: ligar de orelhão, celular para dizer à mamãe, papai, esposa(o), e até para o cachorrinho – outro hóspede e consumidor de primeira -, que está tudo bem... Em local frio ou quente, sempre vai bem um creme para a pelo, um bronzeador e quanto mais sol, um belíssimo e elegante óculos. Dificilmente se viaja ao exterior, sem seguro de viagem, seguro de saúde e quando a turma é maior que tal locar um carro para ampliar o passeio. Tentando conquistar parceiros para apoio a eventos – indústria de papel higiênico e absorvente, ficaram pasmos com a idéia; mas será que as pessoas ao se deslocarem, deixam de usar esses bens; deixam de se barbear, passarem perfume, talco, usarem batom, beberem água, refrigerante, cerveja, vinho, comerem chocolate ou se deliciarem com um sorvete. Fiz-lhes uma pergunta: se o país receber ao ano 10 milhões de turistas estrangeiros, metade homem, metade mulher, qual seria o aumento no faturamento da empresa? Ficaram cismados... Ao montar um caderno de turismo para um jornal do centro-oeste - 1984 - para época de férias, fiz o plano de ataque: supermercados, cosméticos, centros automotivos, postos de gasolina, empresa de confecção de roupas, empresas de bebidas, e prevendo a volta às aulas para as empresas do ramo, pois era sabido que a edição impressa era dirigida aos assinantes e leitores, que fatalmente iriam gozar as férias de meio de ano com seus veículos. A edição foi um sucesso. Cabe aos publicitários, aos empresários do trade; à administração pública que precisa implantar sinalização turística; realizar conscientização e a toda mídia turística, juntarem esses fios condutores e saberem que podem juntos somarem os esforços, contemplando assim todas as partes e ao turista em geral, pois turista ou não, esse ser humano é um potencial consumidor de tudo. Nota do Editor: Otavio Demasi (odtur@ig.com.br) é Jornalista e Consultor em Turismo.
|