Sempre me obriguei a consultar dicionários. Falar palavras com o mesmo sentido do nosso pensamento é um ato de respeito à inteligência das pessoas que nos ouvem. Nas consultas, fui colecionando pérolas que me influenciaram em muitas atitudes. Esse gosto pela etimologia impregnado até no meu nome: Rizzo, de rizoma, raiz, sempre me surpreende.

Achava que era normal ficar enfezado quando era contrariado, até descobrir que muitas vezes ficava irado quando contrariado mas não estava com vontade de ir ao banheiro, não estava em fezes. Complacente aos infortúnios de alguém finalizava dizendo que era um coitado mesmo sem saber se o sujeito havia ou não sofrido o coito. Quando mudava de posição dizia que havia recuado mesmo quando ia para o lado e não dando ré na direção do dito cujo.

Como descendente de italianos me incomodava o escárnio dos brasileiros quando os chamava de brasilianos. Descobri que a única nação do mundo que se designa com o final eiro é a nossa. Americano, italiano, francês, inglês, escandinavo, jamaicano etc. O final eiro designa profissão: pedreiro, ferreiro, marceneiro etc. Brasileiros eram aqueles primeiros portugueses, franceses, holandeses que tinham o Brasil como profissão. Que ironia! Se a gente analisar bem o Banco Mundial é muito mais brasileiro que o Lula.

Achava muito importante votar em presidente, governador, senador e dava pouca importância para os votos de prefeito e vereador.

Descobri que edil na Roma antiga era o magistrado que cuidava dos prédios públicos, daí edifício. Que vereador (veredas + ador) é aquele que nos indica o rumo, o caminho, a direção. Olha como vivemos perigosamente!

Que prefeito (prae fectus) é pré feito, é feito antes, é perfeito. Nossa! Dormimos com o inimigo!

Depois dessas passei a votar com mais seriedade para prefeito e vereador. Deixei de votar por dó, compaixão, bairrismo ou coleguismo.

Quando escolho meu candidato a vereador, olho para qual direção ele poderá nos levar. Nesses tempos escassos de valores, até admito que ele não saiba o caminho, mas não permito que seja mais um fardo para o município carregar por quatro anos.

Em sã consciência, nunca procurei um candidato a prefeito que seja perfeito, mas com certeza, nunca votei num desonesto ou corrupto. Votar em quem rouba mas faz, é votar em ladrão, você vota em ladrão?

Também não conto com o judiciário para resolver a legitimidade ou a honestidade do Prefeito eleito, estamos cansados de ver que cabem tantos recursos, que a Justiça tem tantos meandros que não se resolve em quatro anos, nem em oito anos como já vimos e, tem gente apostando que nem em mais quatro anos vai se resolver. É mais fácil votar certo, é mais rápido e eficiente.

Não quero a nossa cidade nas colunas policiais ou estagnada por impasses jurídicos. Vamos trabalhar, olhar seriamente o nosso futuro e o futuro da nossa cidade. Vamos impedir que a sujeira humana seja maior que a beleza presenteada pela natureza.

Para finalizar, urna (do latim: vaso) recipiente que os antigos romanos guardavam tudo o que era importante, da água pura até as jóias. Os dejetos, eles sabiamente, depositavam em outros vasos.