A história da relação entre empresa e universidade no Brasil, com honrosas exceções, é uma narrativa de desencontros. O primeiro obstáculo entre as duas pontas - uma detentora do capital e outra do conhecimento de vanguarda - é o fato de que a inovação tecnológica está restrita a poucas empresas no país. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), menos de 2% do total das indústrias brasileiras conseguem criar produtos e serviços novos - embora a inovação seja um objetivo fortemente alardeado pela maioria das companhias, mas as dificuldades com os subsídios são gritantes. A segunda razão é a dificuldade de diálogo entre um mundo movido pelo pragmatismo dos resultados e outro regido pelo rigor científico, em que o retorno dos investimentos quase sempre é imprevisível e nem sempre desejável. A universidade sempre foi vista como um templo do saber e da ciência, que não combina com prazos e resultados. No Brasil, as exceções demonstram que é possível estreitar o relacionamento entre esses dois mundos. Um dos maiores laboratórios brasileiros, é um exemplo. A companhia possui nove pesquisadores cujo objetivo é fazer uma ponte entre a empresa e a faculdade. Desde 1998, quando a Lei de Patentes passou a proteger medicamentos contra cópias, os novos produtos tornaram-se vitais para o crescimento da empresa, antes dependente do extinto mercado de similares. Graças às inovações desenvolvidas em parceria com as universidades empresas nacionais têm conseguido acelerar seu processo de internacionalização. O que é preciso para estabelecer parcerias de sucesso: Falar a mesma língua: Os profissionais das empresas têm de ser capazes de estabelecer objetivos comuns com os pesquisadores das universidades. Estreitar os laços: As parcerias de longo prazo funcionam melhor que projetos pontuais. Compartilhar os riscos: Para dividir o custo de investir em inovação, algumas empresas formam convênios de pesquisa. Manter estruturas entre as empresas e universidades custa caro - e muitas empresas pensam muitas vezes antes de assumir esse tipo de risco. Uma saída encontrada cada vez com mais freqüência para diluir os gastos é criar convênios com outras empresas. Há pouco mais de um ano, uma fabricante de cosméticose um produtor de papel e embalagens, fundaram uma empresa que tem como objetivo desenvolver projetos de pesquisa em parceria com universidades tanto para as sócias quanto para o mercado. O avanço desse tipo de iniciativa está obrigando também as universidades a se reinventar. Se as empresas estão atrás de pessoal especializado em conversar com pesquisadores, as faculdades começam a se organizar para entender o mundo empresarial.
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