| Carlos Rizzo | | | | Asio stygius ou Stygian Owl. |
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As corujas, coitadas, já sofreram muitos preconceitos por estarem associadas ao mal, ao mal agouro e às desgraças. Esta, com este nome imaginem o que se pode pensar. Associar nossos males aos animais é tão pré-histórico quanto a descoberta do fogo. As corujas nada têm a ver com as mazelas humanas, elas só prestam atenção. La Fontaine em sua fábula “A Águia e a Coruja” deu-nos o sentido do corujismo. “Para proteger seus filhotes do ataque da águia a coruja pediu que não os atacasse e os descreveu como os mais belos da natureza, claro, afinal ela é uma mãe coruja. A águia concordou, mas quando encontrou um ninho com uns filhotinhos horríveis não teve dúvidas em rapiná-los. Quando a coruja voltou para reclamar com a águia sobre a quebra do trato, esta garantiu com veemência que não havia comido os filhotes da coruja: aqueles monstrengos com certeza não eram os seus lindos filhos.” Fico imaginando a feiúra dos filhotes de uma coruja, o que deve se acentuar nos filhotes desta coruja-diabo. Se bem que é comum ver os filhotinhos da coruja-buraqueira e eles são realmente umas gracinhas. No Brasil temos 20 espécies de corujas, algumas delas tem umas orelhas salientes outras não e só esta espécie tem este chifre, é a Asio stygius ou a Stygian Owl. Esta era imensa, tinha seus quarenta centímetros, pousada como está. Tanto que assustou o George Mascarenhas da Pousada Martin Pescador no Itaguá. Ele me ligou e saí correndo para conferir. A foto foi feita no final do dia com a minha gambiarra fotográfica e o resultado é mais uma razão para me tornar o pior fotografo da Internet. Paciência o que vale é o registro. O mais incrível é que não constava do nosso checklist que agora já soma 478 espécies de aves em Ubatuba. Parabéns ao George! Muitas pessoas colecionam corujas. Minha amiga/irmã Helena Costa Leite tem uma excepcional coleção com 197 peças. Todas presenteadas, pois quem coleciona coruja não pode comprar peças para a sua coleção. Só vale as presenteadas. Se você não se contentou com a imagem da fotografia é quer ver melhor esta espécie, clique aqui.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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